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Consumo de tartaruga ameaça espécies no Ceará

Diário do Nordeste

12/07/2016

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Prática antiga e ainda recorrente na costa do Estado, a captura e o comércio da carne de tartarugas marinhas para consumo se tornou uma ameaça à preservação das espécies. O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Tartarugas Marinhas (Centro Tamar) revelou, ontem, que a atividade criminosa existente no Ceará, na qual estão envolvidos pescadores e atravessadores de peixes em atuação nos litorais Leste e Oeste, tem colocado em risco todo o trabalho de conscientização realizado pelo órgão no País visando à proteção da fauna.

A ação ocorre há décadas no Estado, mesmo com punições previstas em lei para os que cometem a irregularidade. Os animais, que chegam ao Ceará em busca de alimento ou de locais para se reproduzirem, são apanhados por trabalhadores do mar e têm a carne comercializada de forma clandestina. Municípios como Itarema, Acaraú e Camocim são conhecidos por abrigarem a prática, conforme informações do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama).

"Algumas tartarugas são capturadas acidentalmente e acabam virando suprimento de carne, mas outras não. Percebemos que se utilizam redes ´aruaneiras´, que são redes específicas, de malha grande e com filamento mais forte colocadas nas áreas onde elas costumam se alimentar", explica Cláudio Bellini, analista ambientais do Centro Tamar no Ceará.

Problema cultural

"No restante dos estados, o problema de matança de tartarugas é muito menor. Mas no Ceará ainda temos vivenciado isso. A dificuldade é que a ligação cultural do cearense com a carne da tartaruga é antiga", acrescenta Bellini, destacando que, em muitas comunidades litorâneas, persiste o hábito de consumir a carne dos animais.

O analista observa que grande parte dos animais capturados no Estado estão na lista do Ibama de animais ameaçados de extinção, a exemplo da Tartaruga-verde, a Tartaruga-de-couro e a Tartaruga-de-pente. Com isso, a ação representa, cada vez mais, uma grave ameaça à conservação da fauna marinha.

"As capturas geralmente são de animais grandes. Essas espécies demoram 20 anos para se tornarem adultos. E, quando se reproduzem, a cada mil filhotes, só um ou dois vão chegar à idade adulta. Quando se captura uma fêmea adulta, está havendo uma quebra na reprodução genética muito grande", afirma Cláudio Bellini.

Denúncias

O comércio do produto é velado, o que dificulta a fiscalização já insuficiente. Faltam recursos e equipes para fazer as vistorias. Ivan Mota, chefe da Divisão Técnica do Ibama, afirma que o monitoramento é feito em parceria com o Centro Tamar a partir das denúncias recebidas.

As punições para a prática ilegal estão previstas na Lei de Crimes Ambientais, de 1998. A pena inclui detenção de seis meses a um ano, além de multa. Ambas as sanções podem ser agravadas em caso de captura de animais ameaçados de extinção.

Mais informações

Interessados em denunciar a prática devem acionar a Polícia Ambiental (3101-3545), o Ibama (3307-1126) ou o Disque Natureza (0800-275-22-33)

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