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Grupo de extermínio formado por PMs e ex-PM em Fortaleza é suspeito de sequestro e homicídios

g1

07/11/2020

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A Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos Segurança Pública e Sistema Penitenciário do Ceará (CGD) investiga a atuação um grupo de extermínio formado por policiais militares da ativa e ex-PMs, suspeito de realizar um sequestro na última quinta-feira (5) e de praticar homicídios. O ex-policial militar Wandson Luiz da Silva e o sargento PM José Eliomar Nazareno foram presos em flagrante por extorsão mediante sequestro, por policiais da Delegacia de Assuntos Internos (DAI) e da Coordenadoria de Inteligência (Coin), em Maracanaú, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).

A defesa dos suspeitos não foi localizada.

A vítima do sequestro foi raptada de dentro de casa, no Bairro Jardim das Oliveiras, em Fortaleza, por homens que se identificaram como policiais civis e que alegaram que a pessoa seria conduzida para prestar depoimento. Um notebook e um aparelho celular também foram levados.

Horas depois, a família da vítima recebeu ligações e pedidos de pagamentos, para liberar a pessoa que estava sequestrada. A vítima do sequestro foi resgatada pelos policiais e o dinheiro pago pela família, recuperado.

Os presos foram autuados pelo crime de extorsão mediante sequestro. Wandson Luiz foi levado para a Delegacia de Capturas e Polinter (Decap), da Polícia Civil do Ceará (PCCE); enquanto José Eliomar foi conduzido ao Presídio Militar. A CGD acrescentou, em nota, que adotou as providências administrativas para apuração também na seara disciplinar.

Ex-PM reincidente

Wandson Luiz já foi preso ao menos três vezes, sendo duas neste ano, e foi expulso da Polícia Militar do Ceará (PMCE) em 2018.

Ele foi detido em maio último pelo Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), por suspeita de matar Alisson Rodrigo Silva Rodrigues, de 32 anos, na Praça da Igreja de Fátima, na Avenida Treze de Maio, em Fortaleza, no dia 24 de agosto de 2018. Com o ex-PM, na ocasião, foram apreendidos uma pistola, munições, R$ 4.500 em espécie, aparelhos celulares e mídias.

Alisson Rodrigues foi assassinado por três homens armados - que utilizavam duas motocicletas - ao sair do prédio do DHPP, no Bairro de Fátima, onde prestaria depoimento sobre a execução de três policiais militares em um bar no bairro Vila Manoel Sátiro, também na Capital, ocorrido um dia antes.

A fotografia dele circulava nas redes sociais como um possível autor do triplo homicídio. Alisson não tinha conseguido depor ainda e decidiu ir almoçar com o pai, quando foi surpreendido por disparos de arma de fogo.

A motivação do homicídio seria vingança, segundo as investigações, em razão do grupo de extermínio acreditar que Alisson participou do crime que teve três PMs como vítimas.

Wandson foi preso também em agosto de 2017, após a Polícia Militar ser acionada para uma ocorrência de perturbação de sossego. Ele foi flagrado na posse de um veículo objeto de furto, três armas de fogo (sendo duas sem registro), uma farda dos Correios, duas balaclavas, dois celulares, munições e uma corda tipo rapel. O então soldado da Polícia Militar ainda desacatou os colegas de farda, durante a abordagem.

Wandson ainda é suspeito de agredir a ex-companheira, que estava grávida, em maio de 2019. A vítima contou que sofreu murros, chutes, tapas e puxões de cabelo, seguidos de ameaça de morte. Wandson rebate que a mulher não aceitava o término do relacionamento, arrombou o portão da casa dele, quebrou o celular de uma outra mulher que estava com ele e chamou a Polícia, mas nega ter agredido a mesma. Um Inquérito Policial foi aberto na Delegacia de Defesa da Mulher de Pacatuba para apurar o crime.

Motocicleta

Uma motocicleta utilizada no assassinato de Alisson Rodrigues liga Wandson a outro PM suspeito de integrar o grupo de extermínio. Trata-se de Raimundo Belarmino Rodrigues Neto, apontado como um dos autores do assassinato de Bruno Rafael da Silva, em Fortaleza, em dezembro de 2018. O mesmo veículo foi utilizado nesse crime.

Raimundo Belarmino, junto de outros dois policiais militares, vai a julgamento por um homicídio ocorrido em 1º de agosto de 2009. A defesa recorreu, mas o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) manteve o júri popular.

Conforme a acusação do Ministério Público do Ceará (MPCE), uma equipe do Comando Tático Motorizado (Cotam) foi acionada para uma denúncia de consumo de drogas dentro de uma residência, no bairro Alagadiço Novo, na Capital. No momento em que os PMs chegaram ao local, quatro jovens tentaram fugir.

Paulo Rodrigo da Silva Ferreira entrou em outro imóvel e foi seguido pelos policiais. Ao ser alcançado no quintal, Paulo foi executado com dois tiros. Após a ação, segundo o MPCE, os militares simularam socorro à vitima e a levaram para o Hospital Frotinha da Messejana, onde já chegou morto.

No processo, a defesa dos três policiais militares pronunciados alegou que Paulo Rodrigo apontou uma arma de fogo em direção a um dos agentes de segurança, que teve de agir "em defesa de terceiro, cumprindo com a sua obrigação profissional".

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