Diário do Nordeste
17/07/2018
Os detalhes da operação que terminou com a prisão de quatro suspeitos foram apresentados, ontem, na DHPP. O mandante do crime permanece foragido
O principal alvo da chacina de Palmácia, a 74Km de Fortaleza, identificado como Antônio Augusto dos Santos Silva, estava na residência em que cinco pessoas foram mortas, na última sexta-feira (13), mas conseguiu escapar. Augusto é foragido da Cadeia Pública de Palmácia, onde respondia por estupro. Nesta segunda-feira (16), a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) divulgou a prisão de quatro suspeitos do crime. Porém, o mandante da chacina ainda não foi capturado.
As equipes de Inteligência dos dois órgãos envolvidos chegaram até o bairro Bom Jardim, em Fortaleza, e localizaram dois dos quatro suspeitos. São eles Wagli Edmar da Silva Viana, de 30 anos, que responde por outros dois homicídios; e André do Nascimento Araújo, 35, que tem antecedentes por tráfico de drogas e homicídio.
Além deles, a Polícia também prendeu Antônio Evandilson Azevedo Fernandes, 34, em Palmácia; e Francisca Maria Pereira Sales, 35, apontada como a pessoa que indicou onde as vítimas seriam achadas. Os quatro suspeitos foram autuados por homicídio e associação criminosa.
Há indícios de que o bando também participou de outros crimes na região. "Investigamos agora a vinculação dos presos com diversas outras mortes ocorridas no Bom Jardim, uma delas já esclarecida. Já tínhamos acompanhado uma série de assassinatos, em que indivíduos armados se identificaram como policiais e matavam seus desafetos. Então, tudo se encaixa perfeitamente nessa linha de investigação", relatou o delegado Leonardo Barreto, diretor da DHPP.
A linha de investigação se deve ao fato de os suspeitos usarem coletes balísticos e distintivos da Polícia Civil, para enganar as vítimas e tirá-las de dentro da residência e, posteriormente, executá-las. O material foi apreendido ainda na localidade de Cafundó, em Palmácia. Também foram encontradas e retidas munições, uma arma de fogo, uma faca, cordas, drogas, dinheiro, celulares, foices e balanças. Uma pistola usada na chacina ainda não foi achada.
Motivação
Informações da DHPP dão conta de que a vítima do estupro pelo qual o alvo da ação respondia, seria parente do mandante do matança, Francisco Antônio Azevedo Fernandes, 'Padeirinho' ou 'Tontonho'. Ele teria sido o autor intelectual e executor das mortes, de acordo com o delegado plantonista da DHPP, que atendeu à ocorrência. O empenho da Polícia agora é para encontrar 'Tontonho', que seria membro de uma facção criminosa e teria convencido outros integrantes do grupo a atuarem junto com ele na chacina.
Dentre os assassinados, estavam Antônio Barbosa Sousa, 56; e Paulo Sérgio dos Santos da Silva, 30, pai e irmão, respectivamente, do alvo da matança. Os suspeitos confessaram à Polícia terem efetuado os disparos, que transfixaram e atingiram mais de uma vítima simultaneamente. "Isso mostra a brutalidade com que o crime se desenrolou", frisou a titular da 10° Delegacia da DHPP, Ana Vitória Almeida.
O aprofundamento sobre a questão das munições repetidas, bem como da relação entre a chacina e outros crimes cometidos pela quadrilha serão confirmados com o resultado do laudo pericial. "Ainda no local já foram feitos exames e alguns detalhes denunciaram a crueldade do fato. Há muito material que requer uma análise da perícia e a comparação desses objetos com os de outros inquéritos em curso", destaca o coordenador de Perícia Criminal da Perícia Forense do Ceará (Pefoce), Rômulo Lima.