Carlos Eugênio
03/09/2018
Em 1647, na França, o doutor Vicent de Paul D'Argenrt realizou o primeiro transplante de córnea em um camponês chamado Angel. Entretanto, mesmo a cirurgia tendo sido um sucesso, o aldeão entrou no tribunal de Paris e, ganhou a causa, para que o cirurgião lhe arrancasse os olhos – por ter ficado horrorizado com o mundo real. Desse caso surgiu à expressão: o pior cego é aquele que não quer ver.
Por que estou resgatando esse fato histórico? Por um simples motivo: Jair Bolsonaro (PSL) é a maior fralde eleitoral de 2018 – só não vê quem não quer.
Exagero? Convido, então, as mentes providas de consciência crítica e desprovidas de ideologias extremistas, a analisarem as boçalidades propostas para a economia e outras questões relevantes ao país.
O que o presidenciável anunciou que vai fazer na área econômica, se eleito, para tirar o país desse marasmo?
“A área econômica terá dois organismos principais: o Ministério da Economia e o Banco Central, este formal e politicamente independente, mas alinhado com o primeiro. Para atender ao objetivo de enxugamento do Estado, mas, também, para garantir um comando uno e coeso para a área, o Ministério da Economia abarcará as funções hoje desempenhadas pelos Ministérios da Fazenda, Planejamento e Indústria e Comércio bem como a Secretaria Executiva do PPI (Programa de Parcerias de Investimentos). Além disso, as instituições financeiras federais estarão subordinadas ao Ministro da Economia.”
Conclui-se: o trecho acima está afirmando que, caso Jair Bolsonaro venha ser eleito, quem vai comandar o país é o economista Paulo Guedes, até porque o presidenciável já demonstrou não ter noções básicas de economia.
Portanto, o eleitor estará votando num, mas quem terá as rédeas do país nas mãos será o outro, pelo menos até enquanto Bolsonaro não mudar de humor.
O candidato do PSL também já declarou que pretende ampliar de 11 para 21, o número de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Que motivação oculta está por trás dessa medida?
Essa ação que põe em risco os princípios democráticos brasileiros. Visto que, se suas pretensões se concretizarem, Jair Bolsonaro indicaria a metade dos ministros do STF. Mantando, assim, o domínio da Corte, pelo menos no campo ideológico.
Pelo que se pode concluir, a delinquência intelectual do presidenciável extremista poderá trazer ao Brasil um porvir tenebroso, caso chegue à Presidência da República.
Mas os brasileiros não precisam passar pela mesma experiência do francês Angel: pagar para ver, e depois pedir que os arranquem os olhos – metaforicamente falando – para não encarar o Brasil real proposto pela mente vazia pelo candidato do PSL.