Carlos Eugênio
20/08/2018
O presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) apresentou um texto de 81 páginas, que mais parece uma imitação ordinária do Samba do crioulo doido, e está sendo chamado de programa de governo. A estrovenga não diz cré com cré. Em uma narrativa com trechos sem nexo, o deputado expõe o “documento” como se ali estivesse a solução dos problemas que afligem a população brasileira.
Na educação, Bolsonaro promete revolucionar o ensino público brasileiro.
Ele já declarou que pretende implantar a educação à distância desde o ensino fundamental. O candidato justifica que essa ação trará menos gastos.
Mas o que propõe o assombroso programa?
“Conteúdo e método de ensino precisam ser mudados. Mais matemática, ciências e português, sem doutrinação e sexualização precoce.” (...) “Educação à distância deveria ser vista como um importante instrumento e não vetada de forma dogmática. Deve ser considerada como alternativa para as áreas rurais onde as grandes distâncias dificultam ou impedem aulas presenciais”.
Pronto, resolvido o problema da “sexualização precoce” e ampliando o ensino a distância desde o fundamental, a educação no Brasil alcançará destaque entre as melhores do mundo.
E quanto à saúde?
Ah, meus caros, prepare-se para a parte sobrenatural do texto.
“Toda força de trabalho da saúde poderá ser utilizada pelo SUS, garantindo acesso e evitando a judicialização. Isso permitirá às pessoas maior poder de escolha, compartilhando esforços da área pública com o setor privado. Todo médico brasileiro poderá atender a qualquer plano de saúde.”
O prezado leitor conseguiu entender alguma coisa? Não?! Acalme-se, eu também não. Mesmo a mente “privilegiada” que escreveu esse troço, não consegue interpretá-lo.
Já na segurança, é marcante a presença do lobby das armas em seu “programa de governo”. Trechos que apresentam ideologias mixurucas exaltando as armas como um instrumento que salva vidas.
“As armas são instrumentos, objetos inertes, que podem ser utilizadas para matar ou para salvar vidas. Isso depende de quem as está segurando: pessoas boas ou más”.
Então, uma pessoa “boa”, mesmo que não tenha a devida habilidade para usar uma arma de fogo, já tem sua vida garantida, ao se confrontar com um marginal.
É isso?
Outra questão relevante:
As pessoas “boas”, não podem agir intempestivamente e, cometer um ato insano, que poderia ser evitado caso não estivessem portando uma arma?
Na mente vazia do deputado da bala, os problemas da segurança pública do país se resolverão quando todos andarem com uma arma de fogo na cintura.
Será que tem alguma parte nas propostas de Bolsonaro, em que ele combina com Deus, que no faroeste brasileiro, só poderá morrer as pessoas más? Talvez esteja no trecho indecifrável da saúde. Mas não deveria está no tópico da segurança pública?
Ah, não venha querer encontrar soluções lógicas no Samba-do-bolsonaro-doido.