Carlos Eugênio
17/07/2017
A verdade mais insofismável é que o PSDB nunca soube ser oposição. O partido sempre se encolheu diante de seus posicionamentos contra o PT, seu maior adversário político, mesmo em meio aos escândalos do mensalão. E mais uma vez, a legenda ratifica sua insignificância, ao decidir continuar apoiando o governo Temer.
No entanto, mesmo a maioria da cúpula tucana tenha dito que “fica”, a indecisão do partido continua latente: não saiu da base de apoio do governo, mas deixou uma porta aberta para abandonar o barco caso surjam novos fatos agravantes. Decidiu tudo não decidindo nada. Zé Ramalho explica melhor essa tese: Mistérios da meia noite/ Que voam longe/ Que você nunca/ Não sabe nunca/ Se vão se ficam/ Quem vai quem foi.
Todavia, os motivos que levaram o tucanato a permanecer dando fôlego ao governo Temer, não são tão misteriosos como se prega. Tudo pode ser explicado quando se põe em foco um anseio antigo do partido: voltar ao Palácio do Planalto. O apego ao poder falou mais alto na hora de decidir continuar ou não, dando sustentabilidade ao governo.
Vale lembrar aos imbecis que defenderam essa tese de manter a aliança com Temer, que isso pode fragilizar o PSDB na disputa presidencial de 2018, afastando, ainda mais, a militância do partido, que não anda orgulhosa dos últimos escândalos de corrupção que envolveu o então presidente nacional da agremiação, o senador afastado Aécio Neves. Embora se entenda que o BMDB ainda é um forte aliado para qualquer disputa eleitoral, apesar de muitos caciques criminosos no comando do partido.
A declaração do senador Tasso Jereissate, presidente interino da legenda, logo após o encontro, ratifica a vulnerabilidade do PSDB: “Esse não é o meu governo, não é o governo dos meus sonhos. Estou aí por causa das circunstâncias do país”.
Toda essa covardia dos tucanos explica o fato de a esquerda corrupta ter levado o Brasil à breca. O país não tem um partido conservador, com atitude liberal, que defenda suas instituições.
A decisão do PSDB, de continuar em cima do muro, provocará consequências na próxima disputa presidencial. A legenda pode estar jogando no lixo, a oportunidade de apresentar, em 2018, um nome que possa governar esse país, sem que leve as marcas de um partido que se acovarda diante dos acontecimentos.
Para isso, teria de expulsar de seu quadro político, o senador propineiro, Aécio Neves, e apresentar um posicionamento firme diante das questões que afligem a nação. Mas o PSDB não tem coragem para essa façanha.
Diante dessa realidade, seus partidários seguem no ritmo de Zé Ramalho.