DESCASO COM A VIDA

Carlos Eugênio

11//2/26/1

Descaso com a vida

A forma como a saúde pública está sendo tratada no Brasil, evidencia a indiferença do poder público com a vida humana. Falta respeito ao ser humano. Reverberam nas manchetes dos jornais, em todo país, o descaso com a vida. A morte de um idoso de 80 anos, na capital paulista, por falta de atendimento, é apenas mais um, entre milhares de casos. Onde está a representatividade do povo brasileiro? Engessada pela inoperância e conivência. O legislativo é subserviente ao poder executivo. Os parlamentares deveriam fazer valer o direito de cada cidadão e cidadã dessa pátria. Entretanto, salvem-se as exceções, representam muito mais as vontades e os devaneios do poder executivo que os anseios da população.

Recentemente foi destaque na imprensa que o Ceará consta na relação de 13 estados que não aplicaram em saúde, no ano de 2008, 12% de suas receitas previstas em lei. Esses dados foram emitidos pelo governo federal. Embora, tenha havido contestação por parte do governo cearense. Vejo nesse fato, à explicação para o caos que passa a saúde pública brasileira. E o Estado do Ceará encontra-se no seio desse tétrico contexto. É incontestável, que a população cearense está jogada a própria sorte no quesito saúde pública, e entre muitos outros serviços. Basta observar os corredores dos hospitais repletos de pessoas enfermas que não têm atendimento digno pela falta de leitos.

Vale salientar, que 91% da população cearense dependem, exclusivamente, do Sistema Único de Saúde (SUS). E, muitos estão morrendo sem os devidos cuidados do setor público. O pobre não tem o direito de ficar doente nessa terra regida pela fé e esperança de seu povo. Atendimento de qualidade nesse setor, somente para aqueles que podem pagar planos de saúde. A classe desprovida de recursos financeiros, para arcar com os altos custos da saúde privada, fica a margem do processo. Tendo seus direitos negados por um sistema injusto e incapaz. A má gestão do patrimônio público e a corrupção são as principais causas do colapso da saúde.

Segundo reportagem em rede nacional o Ministério da Saúde entregou, no ano de 2010, 2.312 ambulâncias para os estados. Estas deveriam estar a serviço da população. Entretanto, muitas estão paradas por falta de manutenção, emplacamento e até mesmo de motoristas. Para ser mais preciso, conforme informações divulgadas na imprensa, 1.215 das ambulâncias entregues aos estados, ainda não foram usadas para salvar sequer uma vida. A obesidade de muitos administradores públicos está no peso da alma. Falta sensibilidade as necessidades do povo. O descaso com a vida humana é irrefutável.

Para o Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, o sistema de saúde pública no País é substanciado. Mercadante afirma que os gastos com saúde por habitante no Brasil são inferiores aos da Argentina. Como se designar investimentos para saúde fosse garantia de melhorias no sistema. Quem não se lembra da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira)? A arrecadação desse imposto veio com a desculpa de destiná-lo a saúde, entretanto, obteve outros fins.

Lamento informar-los que a quimera de dias melhores se esvai. Para o Ministro da Fazenda Guido Mantega não existe intenção de direcionar recursos, da exploração do pré-sal, para a saúde pública. Na minha concepção está faltando vontade política e compromisso com a vida humana, por parte dos gestores. Para aqueles que acreditam que a fé move montanhas e a esperança é a última que morre. Encontra-se ai, na palavra do ministro, pelo menos até o momento, o último prego do caixão.

Carlos Eugênio Sombra Moreira
Professor e Escritor

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