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Secretaria de Justiça confirma 18 mortos em CPPLs

Diário do Nordeste

25/05/2016

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Clima estava menos tenso do lado de fora do Complexo Penitenciário Itaitinga II; saída de dois presos foi comemorada por parentes ( Foto: Thiago Gadelha )
Clima estava menos tenso do lado de fora do Complexo Penitenciário Itaitinga II; saída de dois presos foi comemorada por parentes ( Foto: Thiago Gadelha )

Chegou a 18 o número de mortes ocorridas dentro dos presídios da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) decorrentes das rebeliões simultâneas registradas nas unidades no último fim de semana. A atualização foi dada no começo da tarde de ontem, pela Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus). Dez das vítimas seguem sem identificação.

A Sejus informou que realizou a transferência emergencial de internos para o Centro de Execução Penal e Integração Social, nova unidade prisional do Complexo Itaitinga II, que está com 95% das obras finalizadas. A medida, segundo a Pasta, "teve como objetivo resguardar a integridade física desses internos, visto que eles foram ameaçados por outros internos".

Ontem, o clima era menos tenso do lado de fora do Complexo Penitenciário Itaitinga II, que abriga as Casas de Privação Provisória (CPPL) II, III e IV, além das ainda em construção V e VI. Familiares aguardavam por qualquer informação. Alguns relatavam não saber sequer onde estavam abrigados os parentes.

O coordenador de missão do Conselho Estadual de Capelania do Estado do Ceará, pastor Lúcio Vieira, é uma das poucas pessoas que têm acesso às unidades. Na tarde de ontem, adentrou o Complexo e levou informações aos familiares. Ele relatou o que viu.

"A situação é desumana. O Estado tomou a decisão de transferir os presos ameaçados de morte e eles foram encaminhados para uma cadeia inacabada, sem estrutura. Não tem onde fazer as necessidades fisiológicas, não tem água potável, nada. São 400 homens em um lugar e mais de 300 em outro", disse.

Conforme o religioso, apesar da aparente calmaria, a situação está longe de ter um desfecho. "Acho que eles (Estado) querem que morram mais pessoas. Há boatos que têm ainda mais gente morta lá dentro. Foram feitos túneis, há vários foragidos e não estão notificando. Só estão culpando a greve. Isso foi uma bola de neve de administrações passadas", disparou.

Inferno

O sol ainda estava a pino. Em meio à sujeira e ao calor, várias mulheres, sentadas e em pé, dividiam a tensão e a expectativa de obter informações sobre filhos, maridos, netos, do lado de fora do Complexo. "Estou esperando meu filho. O alvará de soltura está aqui, mas não sei se ele vai sair hoje", relatou uma mãe.

Não demorou, surgiram duas silhuetas humanas de dentro do Complexo. Cruzando a rua que separa os pavilhões caóticos dos portões da liberdade, a dupla caminhava a passos firmes. Um deles, ressabiado, procurou mas não viu nenhum rosto familiar.

O outro, caminhava mais lento. Em uma mão, o alvará que lhe garantia a liberdade. Na outra, uma Bíblia. Ao dar o primeiro passo fora do portão, foi envolvido pelos braços da mãe. O choro, misturado ao suor, cobriu aqueles dois rostos. "O que vi lá dentro, não dá pra explicar. Vi homens sendo queimados. Vi o horror", relatou, sem esconder a emoção e as lágrimas, ao relembrar o que presenciou.

O agora ex-presidiário disse que os presos negociam alguns pontos para que a ordem seja restabelecida. "Eles estão separados da diretoria só por uma grade. Pedem apenas visitas quarta e domingo; entrada de itens de alimentação como liquidificador; e abrir o banho de sol para aliviar", disse.

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