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Personagens da era vitoriosa do Sumov relembram 30 anos da conquista

Diário do Nordeste

20/05/2016

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"Não tínhamos nem as passagens para ir disputar as eliminatórias. Foi um sufoco danado, e lembro que de última hora o ex-governador conseguiu essas passagens. Mas tinha uma condição, que era a gente ser campeão". Começava assim a trajetória do Sumov para chegar ao quinto título da Taça Brasil de futebol de salão, em 1986, que completa 30 neste mês.

As palavras de Geraldo Nogueira Sobrinho, o Gêra, definem um pouco a situação do futsal estadual já naquela época, que teria de superar equipes com potencial financeiro muito maior, como o Perdigão, de Santa Catarina - "time dos sonhos" -, que cruzaria com os cearenses nas semifinais da divisão especial da competição. De lá para cá, as dificuldades apenas aumentaram, fazendo com que o time sobreviva do esforço diário de alguns personagens que estão presentes desde o título de 1986, caso do Coronel Francisco Gomes, atual presidente.

"Foi uma festa grande quando, dois dias antes das eliminatórias para o torneio, o governador Gonzaga Mota anunciou que tinha conseguido as passagens. Isso serviu até como um 'doping' no nosso ânimo, porque sabíamos que éramos um time que tinha a responsabilidade de substituir uma geração vencedora, de Cacá, Leonel e Beto, mas com chances de título", revela Gêra.

Além da qualidade técnica, o destino, diz o ex-ala, também conspirou para que a equipe chegasse ao objetivo final. Dos 12 jogos disputados durante a campanha, os aurinegros não conviveram com uma lesão sequer, o que permitiu que o técnico Totonho repetisse a escalação em todas as partidas. E Isso facilitou o entrosamento dos atletas durante o torneio e a classificatória.

A continuidade e a química entre os jogadores ajudaram a amenizar o clima frio de Curitiba - sede da Taça Brasil de 1986 - e favoreceu as previsões antes dos jogos, dos quais Gêra lembra com um sorriso no rosto. "A realidade é que já conhecíamos tanto o nosso potencial, que fazíamos gol quando queríamos. 'Vamos fazer esse gol, que está demorando', eu brincava, mas acontecia. E aquela conquista marcou demais, porque depois de passar pelo Perdigão, seríamos campeões. Mas aquilo tudo parecia até um sonho", relembra Gêra.

E de fato foi. Quase ninguém acreditava que o Sumov eliminaria a melhor equipe do País. "Todo o ginásio era Perdigão. Eles levavam salame e bandeiras para agradar a torcida, e nós humildemente levamos uma rosa para darmos a cada torcedora aficionada pelo futsal. Entramos e beijamos a rosa, foi lindo, mas todo mundo vestia as cores deles. Só que, com a nossa qualidade, fomos conquistando o público e calamos o ginásio", conta Gêra. Na final, o Sumov venceu o Bradesco por 2 a 0 e garantiu uma das conquistas mais relevantes da história do futsal cearense.

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Registro da chegada da equipe do Sumov à capital cearense, no Aeroporto Pinto Martins, depois da conquista da Taça Brasil de 1986 FOTO: CID BARBOSA

Futuro penalizado

As conquistas que colocaram o Sumov entre os maiores vencedores da Taça Brasil, com 6 troféus, no entanto, escondem uma situação precária de apoio financeiro, agravada nos dias de hoje.

Criado por uma iniciativa dos funcionários da Superintendência Municipal de Obras e Viação (Sumov, abreviação que dá nome ao time), a equipe aurinegra conquistou o último título da Taça Brasil em 2001, após 15 anos de jejum, mas sempre convivendo com os mesmos problemas.

"Sempre tivemos dificuldades. Eu era o preparador físico em 1986 e a gente fazia de tudo. Nós mesmos colamos a marca do Governo do Estado nos uniformes. Naquela época era um pouco mais fácil, por conta da Superintendência, que arrecadava patrocínios, mas depois da extinção do órgão, em 1997, houve um êxodo de jogadores, pois não tínhamos mais como segurá-los", explica o Coronel Francisco Gomes.

A motivação para continuar trabalhando, segundo ele, vem do compromisso feito com os atletas e a vontade de evitar o extinção. "Nossa folha salarial não passa de R$ 10 mil, e mesmo baixa a gente tem dificuldade de pagar. Falta de trabalho não é, mas falta apoio dos órgãos públicos. Vou ao gabinete do prefeito para solicitar uma ajuda, eles prometem, mas não dão", lamenta o Coronel. (Sob supervisão, Samuel Quintela).

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