Após a aprovação da admissibilidade do pedido de impeachment da presidente, agora afastada, Dilma Rousseff, o mês de maio começou, na Câmara dos Deputados, com a eleição dos presidentes das 25 comissões permanentes da Casa, que comandarão os trabalhos de cada colegiado durante o ano. Desta vez, no entanto, representantes da bancada do Ceará, que em outros tempos já ocuparam cargos de maior visibilidade no Legislativo, foram eleitos apenas em duas comissões.
A projeção tímida levanta o debate entre dirigentes partidários, analistas políticos e parlamentares: para alguns, é reflexo da ausência de nomes cearenses com articulação nacional na atual legislatura; para outros, consequência do cenário político e de mudanças na estrutura da Casa Legislativa que atingem não só a bancada do Ceará.
As duas comissões que tiveram cearenses eleitos não estão entre as mais disputadas pela maioria dos partidos, como a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania ou mesmo a de Educação. Chico Lopes (PC do B) ocupa, desde o último dia 4, a presidência da Comissão de Legislação Participativa. No dia anterior, a deputada Gorete Pereira (PR), por sua vez, foi escolhida líder dos trabalhos da recém-criada Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher.
Em outras épocas, parlamentares eleitos pelo Estado do Ceará chegaram a ocupar posições de maior influência na Casa, como Flávio Marcílio, presidente da Câmara por três vezes durante o regime militar, e Paes de Andrade, que ocupou o mesmo cargo entre 1989 e 1991. Cearenses também já estiveram à frente da secretaria-geral da Câmara, caso, por exemplo, de Haroldo Sanford, Hildo Furtado Leite e Ubiratan Aguiar.