Na contramão do cenário nebuloso vivido pelo País no âmbito econômico e político, a prévia do Produto Interno Bruto (PIB) cearense acabou surpreendendo e começou 2016 com um dado bastante promissor, tendo em vista que cresceu 1,6% em janeiro, na comparação com o mês imediatamente anterior. As informações são da séria com ajuste sazonal do Índice de Atividade Econômica Regional do Banco Central para o Ceará (IBCR-CE), divulgado ontem pela instituição financeira. Com o resultado, o Estado interrompeu uma sequência de seis meses consecutivos de queda em sua economia, iniciada em julho de 2015.
De acordo com o Banco Central (BC), o IBCR-CE passou de 141,76 pontos, em dezembro do ano passado, para 144,04 pontos, no primeiro mês de 2016. O avanço do indicador do Estado, inclusive, ficou acima da média do Nordeste para o período, que também foi positiva (1,4%). Na comparação com o País, o resultado do Ceará foi ainda mais representativo, tendo em vista que o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) registrou recuo mensal de 0,61%.
Conforme o economista Célio Fernando, o fato do índice cearense destoar do nacional mostra que a economia do Estado possui algumas peculiaridades positivas. "Na psicologia, chama-se resiliência a capacidade de um indivíduo lidar melhor com os problemas, resistindo às pressões das situações adversas. Assim, podemos dizer que o Ceará tem se mostrado mais resiliente em meio ao cenário de crise", opina. "Isso acontece por uma série de fatores. O Estado, por exemplo, é o quarto do País que mais possui população atendida pelo Bolsa Família, além de ter um impacto significativo de pensões, previdência e do pagamentos das próprias folhas estaduais e municipais. Isso cria um fluxo econômico que independe da estrutura nacional", completa.
Apesar do resultado positivo em janeiro último, a atividade econômica cearense ainda acumula queda de 3,4% nos últimos 12 meses, revela o BC. Na comparação com igual mês do ano passado, o resultado também é negativo (-3,1%). "Alguns desvios podem acontecer, mas creio que a economia do Estado tem condições de se manter ativa, ainda mais porque os gastos públicos são constantes na questão da renda", diz Célio Fernando.