NOTÍCIAS / CEARÁ

Perda de peixes no Castanhão chega a 635 toneladas

Ellen Freitas

24/06/2015

Enviar por e-mail
Imprimir notícia

 O número de peixes mortos em tanques-rede, no Açude Castanhão, município de Alto Santo, chega a números alarmantes. Em seis dias, a contagem preliminar da Secretaria de Obras do Município é de 635 toneladas. Para piscicultores, os prejuízos são incalculáveis. A baixa oxigenação da água foi a causa apontada de forma preliminar. Mas uma equipe técnica da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) irá investigar detalhes dessa mortandade.

As perdas de tilápia em tanques-rede, que começou na terça feira de semana passada, prossegue até o momento, porém com ocorrências menores. Apenas no primeiro dia foram oito toneladas, afetando quatro criadores. O fenômeno continuou ocorrendo durante a semana e, até o último domingo, quando a Prefeitura contabilizou as toneladas perdidas, esse volume chegou a 635 toneladas e pelo menos 30 piscicultores envolvidos.

"Esse é um número preliminar porque ainda estamos realizando o trabalho de retirada desses peixes da água. Ao passo em que vamos trabalhando, temos a notícia de novas mortandades ocorrendo", afirmou o titular da Secretaria de Obras de Jaguaribara, Roberto Colares.

Ajuda
Para ter agilidade no processo de retirada do material orgânico da água, de modo a impedir que os restos do pescado contaminem a água, Colares conta que o município precisou intervir junto a outros municípios e a órgãos do governo para ajudar em estrutura. "Conseguimos com o município de Jaguaretama uma caçamba e uma pá carregadeira para ajudar na coleta e a Cogerh nos enviou uma caçamba menor. Um empresário também dispôs uma máquina para ficar no aterro sanitário", acrescenta.
A medida de descarte encontrada foi levar todo o volume para o aterro sanitário, onde está sendo enterrado. Colares acredita que o trabalho ainda deva durar até a próxima sexta-feira. "Não podemos afirmar se novas mortandades irão acontecer porque a oxigenação da água está muito instável. O que lamentamos é a pouca ajuda de temos dos órgãos governamentais para lidar com essa crise", lamentou.

Redução
Os piscicultores estão apreensivos com a situação do açude e afirmam que irão reduzir em pelo menos 50% o número de tanques-rede. "Uma reordenação do espelho d'água é muito necessária nesse momento. Temos a consciência de que devemos reduzir o número de gaiolas, mas não dessa forma. Não podemos também deixar de produzir", desabafou o presidente da Associação dos Aquicultores da Barragem do Castanhão (AABC) Eduardo Chaves. Ele conta que apenas nessa associação, que possui 56 associados, as perdas chegaram a 300 toneladas.

Para o piscicultor Jodean Galdino Souza, nesse momento é arriscado colocar novas levas de alevinos no açude. "Se tiver de colocar, vai ter que ser a metade de antes, para não correr riscos de perder", esclarece. Galdino conta que, desde o início das mortandades vem monitorando os peixes em suas gaiolas, para que qualquer sinal de comportamento diferente eles sejam retirados. "A medida está sendo essa, retirar e estocar para evitar prejuízos", acrescenta.

O piscicultor garante que não irá mais colocar gaiolas no açude e revela que toda a sua produção deverá ocorrer em Pernambuco. "Piscicultor que tem um pouco mais de condições esta saindo daqui e indo para os açudes de lá. Eu estou aproveitando que meu sogro e outras pessoas vão para ir também. É um investimento do zero", revela.

Como publicado pelo Diário do Nordeste na edição do dia 18 de junho passado, os piscicultores alegam que a mortandade pode ter sido ocasionada após uma manobra de liberação de água feita pela Cogerh, utilizada para levar água ao Rio Jaguaribe, na cidade de Itaiçaba. A diminuição drástica de vazão teria contribuído para que a força da água revirasse as águas do fundo, com pouca oxigenação, causando poluição da área adequada para a criação dos peixes. Piscicultores aguardam a comprovação de testes de laboratório para saberem as reais causas da mortandade.

Em nota, a Cogerh informou que, em relação à atividade de piscicultura no açude Castanhão, observa-se que o número de gaiolas aumentou consideravelmente ao longo dos últimos anos, gerando uma população de peixes mais concentrada em pontos da bacia hidráulica do reservatório. Destacou que a mortandade de peixes é um evento passível de ocorrer em qualquer reservatório e que, na grande maioria das vezes, ela está associada com a baixa concentração de oxigênio dissolvido na coluna de água.

Sobre a alegação dos piscicultores, de que uma manobra de aumento de vazão teria desencadeado a mortandade, a Companhia nega qualquer relação com o ocorrido, afirmando que, em diversas ocasiões, a Cogerh já operou a válvula dispersora do Castanhão com variações de vazão sem causar mortandade de peixes. "Em 2014, as variações foram entre 8 a 31 m³/s sem a ocorrência de eventos de mortandade de peixes", explicou a nota. Acrescentou também que já houve registro mortandade no açude Castanhão, após a quadra chuvosa, em 2013.

DEIXE O SEU COMENTÁRIO

Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião da TV RUSSAS. É vedada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. TV RUSSAS poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.

REDES SOCIAIS

  • Facebook
  • Twitter
  • Soundcloud
  • Youtube

©2009 - 2024 TV Russas - Conectando você à informação

www.tvrussas.com.br - Todos os direitos reservados