Após a agência de classificação de risco Moody’s rebaixar a nota de crédito da Petrobras, de “grau de investimento” para “grau especulativo”, aumentou o temor de que o Brasil também tenha a sua nota de crédito rebaixada. Na prática, o “grau de investimento” é uma espécie de selo que classifica uma empresa como boa pagadora, enquanto o “grau especulativo” indica alta probabilidade de calote.
Embora, o rebaixamento já fosse esperado pelo mercado, no pregão de ontem na BM&FBovespa, as ações preferenciais da companhia (sem direito a voto) fecharam em baixa de 4,67%, e as ordinárias (com direito a voto) caíram 4,52%.
Em nota divulgada na noite de terça-feira, a Moody’s disse que o rebaixamento reflete a preocupação crescente com as investigações de corrupção, o atraso na entrega do balanço financeiro, e o alto peso da dívida da empresa ao longo dos próximos anos.
Por fim, a agência afirmou que as notas da estatal permanecem em revisão para possível rebaixamento. “O efeito imediato para Petrobras é que esse rebaixamento encarece ou inviabiliza a captação de recursos no mercado externo, e também dificulta futuros aumentos de capital e a emissão de títulos da dívida”, diz o economista Ricardo Eleutério, professor de economia internacional e de mercado de capitais.
Como a economia brasileira é altamente dependente da Petrobras, o seu rebaixamento tem potencial para prejudicar o desempenho nacional. Nas contas do governo, a cadeia de produção vinculada à companhia supera o equivalente a 10% do Produto Interno Bruto (PIB).
“A perda do grau de investimento é muito ruim para o Brasil, e pode afetar o risco soberano do País”, diz Eleutério. Para agravar ainda mais a situação da empresa, cerca de 70% de sua dívida corporativa, a maior do mundo, é em dólar, que está nos maiores patamares em 10 anos. Além disso, a petrolífera tem de tocar um dos maiores planos de investimento do setor.
Temor
Com grande peso no Ibovespa, o principal índice da bolsa paulista, há ainda o temor de que a queda do preço das ações da estatal afete a bolsa como um todo. O rebaixamento terá como consequência a saída de investidores, como fundos de pensão e de investimento, que não podem colocar dinheiro em ações e dívidas de empresas consideradas de alto risco de calote.
Em relatório, Eduardo Velho, economista-chefe da gestora INVX Global Partners, disse que as agências Standard & Poor’s e Fitch também devem rebaixar a nota de crédito da empresa. Para Roberto Indech, analista da corretora Rico, o rebaixamento também pode sinalizar que a nota de crédito do Brasil será cortada. (com Folhapress)