Renan Calheiros falou ontem com jornalistas e se disse tranquilo, apesar das denúncias
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), negou ontem ter mantido encontros com o doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato da Polícia Federal. Renan disse que não conhece “nenhum desses” envolvidos no esquema de corrupção da Petrobras. “Sinceramente, a chance de que eu possa ter tido encontro com essa gente é zero. Absolutamente zero. Nenhuma chance”, afirmou.
O nome do peemedebista aparece na suposta lista de políticos envolvidos com o esquema de corrupção na Petrobras, mas Renan nega qualquer envolvimento com o esquema de desvio de recursos da estatal.
Os nomes dos políticos surgiram em depoimentos prestados à Justiça por Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que firmaram acordos de delação premiada com a Justiça. Os dois estão presos desde o ano passado. Renan disse que não sabe quem é e “nunca ouviu falar” em Youssef, a não ser pelos jornais. “Não sei nem quem é. Não conheço nenhum desses”, disse o senador.
Em depoimento à extinta CPI da Petrobras no ano passado, a ex-contadora de Youssef Meire Poza disse ter tomado conhecimento de um encontro entre Calheiros e o doleiro em março do ano passado. Segundo ela, o doleiro iria captar R$ 25 milhões do Postalis, fundo de pensão dos Correios, para saldar dívidas de uma de suas empresas.
Poza afirmou que Youssef fez acordo com indicados do PT e do PMDB, que segundo ela controlam o fundo de pensão, para viabilizar a captação, mas teve que acertar com Calheiros “a ponta do PMDB”.
De acordo com Poza, o doleiro entrou em contato com o presidente do Senado para acertar a compra pelo Postalis de R$ 25 milhões em debêntures emitidos pela empresa de turismo Marsans, da qual Yousseff era sócio. A contadora afirmou ainda que a negociação nunca se concretizou porque Alberto Youssef foi preso dias depois do encontro com Renan.
Na época, a assessoria de imprensa do Postalis informou que, por decisão “eminentemente técnica”, a compra de debêntures não foi realizada. “Não havia nada na documentação analisada que pudesse ligar o papel aos senhores Paulo Roberto Costa e/ou Alberto Youssef”, informou o fundo.
O presidente do Senado nega as acusações, ao afirmar que nunca se encontrou com o doleiro.
Denúncias
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, vai indicar todos os políticos que serão investigados, incluindo os crimes de que são suspeitos, no bloco de denúncias e pedidos de abertura de apuração relativos à Operação Lava Jato que irá apresentar ainda este mês ao STF (Supremo Tribunal Federal).
Quando os pedidos forem feitos ao Supremo, Janot revelará a lista com todos os denunciados e indiciados. Serão apresentadas denúncias contra políticos que o Ministério Público considera já ter provas de participação no esquema. (das agências de notícias)
SAIBA MAIS
Investigadores nos Estados Unidos
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e quatro procuradores da Operação Lava Jato chegaram ontem a Washington para reuniões com autoridades dos Estados Unidos. Janot teria um encontro pela manhã no departamento de Justiça americano com a subsecretária Leslie Caldwell e com Magdalena Boynton, diretora responsável por investigações criminais na América do Sul. À tarde, Janot e os procuradores iriam ao FBI, a polícia federal americana.