O resultado seria mais histórico ainda, no entanto a cotação do dólar fechou a R$ 2,779, em vez dos R$ 2,799 no pico da sessão de ontem. O auge foi impulsionado pela aversão ao risco, que foi dissipado no decorrer do dia. Mesmo assim, é o maior valor desde 9 de dezembro de 2004, quando chegou a R$ 2,780.
Para Fábio Lemos, da São Paulo Investments, a forte alta da moeda na manhã de ontem teve influência da piora da perspectiva para a crise grega, com o País relutando em renegociar sua dívida com os credores, mas também reflete ainda os dados de emprego nos Estados Unidos divulgados na sexta-feira. Além disso, é efeito da Operação Lava Jato e dos racionamentos de energia e água no Brasil.
O vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Ceará (Ibef-CE), Ênio Arêa Leão, ressalta o fortalecimento do dólar em todo o mundo, em contrapartida da desvalorização do real. A consequência disso é o desestimulo à importação e gastos no exterior. Diz ser, por um lado, bom em determinados aspectos. “Há uma tendência de comprar mais produtos nacionais e viajar mais pelo País”.
Ressalta que, apesar do maior custo para investimentos internos, reduz o custo a investidores internacionais. “Nesse momento, a gente tem que deixar flutuar, parar de ficar intervindo no câmbio. Tem que encontrar o equilíbrio dele naturalmente”, defende, falando das intervenções do Governo Federal para controlar o preço do dólar.
No curto prazo, o economista e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Marcos Holanda, ressalta a pressão sobre a inflação - mais uma. Além de energia, combustível e alimentos (por conta da seca), o dólar encarece preços aos consumidores finais também.
Para Holanda, ao mesmo tempo em que o dólar mais caro aumenta a competitividade da indústria, a possível alta nos juros dos Estados Unidos e incertezas na Europa e China, impactam negativamente na balança comercial brasileira, grande exportadora de commodities.
Única saída
Somente uma desvalorização mais forte do real em relação ao dólar é capaz de salvar a indústria em 2015, avalia o diretor-geral da fabricante de ônibus Marcopolo, José Rubens de La Rosa.
“Todas as dificuldades logísticas e de infraestrutura que imputamos no custo Brasil não se resolvem em um ano. Esses custos persistem, mas o fator cambial dá um pequeno alento para o Brasil tentar recuperar alguns mercados”, afirma.
A empresa gaúcha é uma das grandes exportadoras do País. Cerca de um terço, dos quase R$ 4 bilhões de faturamento por ano, vem das vendas para o exterior.
Na avaliação de La Rosa, o real fraco, que aumenta o poder de competição dos produtos brasileiros externamente, também dá munição às indústrias no mercado interno, em que os produtos importados vêm ganhando espaço. (com agências)
Números
12,78% foi quanto o dólar subiu no ano de 2014
Serviço
Companhe a cotação do dólar no site no Banco Central