A gasolina está mais cara nos postos de combustíveis de Fortaleza e
já alcança R$ 3,39. Na comparação com a semana passada, o aumento
percentual fica entre 6,26% e 10,42%, superando a expectativa de 6%
do Sindicato dos Revendedores de Combustíveis do Ceará
(Sindipostos). Os preços ainda podem aumentar à medida que os postos
forem adquirindo combustível com valor mais alto.
Desde o último domingo, 1º, os consumidores começaram a pagar R$
0,22 a mais por litro da gasolina e R$ 0,15 para o de diesel,
referente ao aumento dos tributos Programa de Integração Social
(PIS) e Contribuição para Financiamento da Seguridade Social
(Cofins). O preço vai sendo reajustado de acordo com a compra de
novos estoques de combustíveis, de acordo com o Sindipostos.
Os preços subiram para uma média de R$ 3,12 a R$ 3,39, de acordo com
pesquisa realizada pelo O POVO nos postos de combustível. Na semana
passada, a média era de R$ 3,07 a R$ 3,19, segundo dados da Agência
Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Entre os
postos, há uma variação de 9,25% no preço do diesel, que vai de R$
2,81 a R$ 3,07, de acordo com pesquisa do O POVO. “Os postos vão
repassar o aumento que o Governo já anunciou”, explicou o presidente
do Sindipostos, Vilanildo Fernandes. Além disso, cada bandeira é
livre para ajustar preços.
A advogada Camila Almeida, 31, já está sentindo os preços mais
altos. Ela passará a viajar menos para as praias nos finais de
semana para economizar. “Estou me ajustando para não pagar tão
caro”.
Inflação
O aumento nos preços dos combustíveis vai impactar decisivamente na
inflação, de acordo com o professor do curso de economia da Unifor,
Mário Monteiro. Ele explicou que a expectativa é de que a inflação
feche o ano em um patamar de 7% a 7,5%.
A Petrobras não foi capaz de segurar o reajuste, como o Governo
disse que seria. “A Petrobras não tem condição de segurar nada. Está
sem caixa”. Monteiro explicou ainda que embora o barril esteja a US$
50 no mercado internacional, a Petrobras precisa recompor o caixa.
O preço poderia ser elevado mesmo que houvesse mais refinarias no
Brasil, segundo o coordenador do curso de engenharia de petróleo da
UFC, Rodrigo Vieira. Ele diz que cada refinaria tem particularidades
e um tipo de subproduto. “A refinaria facilitaria a capacidade de
processamento e precisaria importar menos”.
O aumento nos combustíveis se dá em duas fases. Nessa primeira, que
começou no último domingo, a alta foi em PIS/Cofins. Em maio, a
Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) passará a
incidir. Mas não deve haver novo impacto nos preços, já que haverá
revisão para baixo em PIS/Cofins. Isso acontece porque a Cide
precisa de 90 dias, a contar da publicação da medida, para entrar em
vigor.
SERVIÇO
Confira levantamento de preços da ANP
Saiba mais
Desde 1º de maio de 2013, o percentual obrigatório de etanol anidro
combustível na gasolina é de 25%, conforme Portaria do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e Resolução do Conselho
Interministerial do Açúcar e do Álcool (Cima).
Os preços são livres nos postos de combustível e as distribuidoras
são legalmente impedidas de exercer qualquer influência sobre eles.
Há uma lei federal que impede as distribuidoras de operarem postos.
Eles são, em regra, administrados por terceiros, que podem praticar
margens variáveis conforme seus planos comerciais, já que os preços
não são tabelados nem estão sob controle governamental.
O mercado da gasolina no Brasil é regulamentado pela Agência
Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e pela Lei
do Petróleo.Esta lei flexibilizou o monopólio do setor, tornando
aberto o mercado de combustíveis.
O preço praticado ao consumidor é composto por três parcelas:
realização do produtor ou importador, tributos e margens de
comercialização. No Brasil, esta margem de comercialização equivale
às margens brutas de distribuição e dos postos revendedores de
gasolina. Há fatores como carga tributária, concorrência com outros
postos na mesma região e a estrutura de custos de cada posto
(encargos trabalhistas, frete, volume movimentado, margem de lucro
etc.).