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Enxurrada de aumentos preocupa consumidores

DNonline

03/02/2015

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Mesmo com o reajuste anunciado pelo sindicato do setor, algumas padarias não estão cobrando mais pelo quilo do pão FOTO: TUNO VIEIRA
Mesmo com o reajuste anunciado pelo sindicato do setor, algumas padarias não estão cobrando mais pelo quilo do pão FOTO: TUNO VIEIRA

O início do ano sempre é um momento onde os brasileiros têm que arcar com várias despesas extras, como o pagamento de impostos e a compra de material escolar. Porém, o ano de 2015 começou com uma enxurrada de aumentos somados a estes gastos. Os reajustes da gasolina, da conta de luz, da tarifa de ônibus, de alimentos, crédito pessoal e produtos importados estão fazendo com que os consumidores se desdobrem para conseguir organizar seu orçamento para bancar estas despesas.

A família de Karine Laurindo, 38, foi afetada com praticamente todos os aumentos deste ano e por isso ela decidiu voltar a trabalhar para conseguir com o seu marido pagar os gastos da casa.

Em janeiro, a auxiliar administrativa desembolsou 70% a mais na sua conta de energia elétrica, comparando a média gasta no ano passado. "O consumo de energia neste mês na minha casa foi o mesmo dos meses anteriores, a mesma faixa de kilowatts. Eu liguei para a Coelce e a justificativa foi que devido à falta de água houve um reajuste na minha conta. A bandeira está vermelha", explica. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a bandeira tarifária para o mês de fevereiro de 2015 é vermelha. Para os consumidores, isso significa um acréscimo de R$ 3 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.

De acordo com a previsão do Banco Central (BC), divulgada no fim de janeiro, a tarifa de energia elétrica deverá sofrer um reajuste de 27,6% neste ano. O BC prevê majoração de 9,3% nos preços administrados em 2015. Para 2016, a previsão é de um crescimento menor (5,1%).

Gasolina

Ainda segundo a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada pelo BC, a gasolina deve subir 8% neste ano. Nos postos da Capital cearense o valor para cada litro do combustível chegou ontem a R$3,399 máxima e R$ 3,12 mínima, com uma variação de 8,94% de um posto para outro.

Com um veículo próprio, a alta no combustível também é sentida no bolso da família de Karine que pagava em média R$ 60 por semana para abastecer seu carro e agora gasta R$ 100.

Material escolar

Ainda no primeiro mês deste ano, a auxiliar administrativa desembolsou mais de R$ 2 mil em material escolar para os dois filhos que estudam em um colégio particular de Fortaleza.

As editoras repassaram aos estabelecimentos livros didáticos com aumento de preço entre 6% e 10% no mês de dezembro, de acordo com o secretário diretor do Sindicato do Comércio Varejista de Livros do Ceará (Sindilivros), Clayton Lima. Já segundo o levantamento da Fundação Getúlio Vargas, divulgado ontem, os gastos com material escolar, livros, transporte, cursos e lanchonetes chegaram a 3,73%, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de janeiro.

Outros ajustes

Os comerciantes cearenses ainda têm que lidar com outros aumentos, como a alta de 9,09% nas tarifas de ônibus urbanos que desde janeiro passaram de R$ 2,20 para R$ 2,40 a inteira. O pão francês ou carioquinha que sofreu elevação de até 11% no mês de fevereiro.

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ainda decretou alta do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre o atacado de cosméticos, aumentando o valor da pasta de dente, xampu, e outros produtos de uso diário dos consumidores.

Outra medida de Levy foi o aumento do PIS e da Cofins sobre os produtos importados. Com alta de 9,25% para 11,75% da alíquota em 2015.

IPTU e IPI

O IPTU e o IPI também sofreram reajustes neste ano. O Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) teve correção na maior parte dos casos de 6,46%. Já o preço dos automóveis 1.0 devem subir 4,5% neste ano com o repasse integral do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis.

Cortes nos gastos

Para conseguir adequar o orçamento da família de Karine aos novos valores das despesas, eles tiveram que fazer alguns cortes, como evitar jantar fora, sair de carro e deixar de malhar em uma academia. "Eu tenho 38 anos e estou me sentindo muito cansada, eu tenho necessidade de fazer um exercício físico, mas isso pode esperar", lamenta.

O pagamento do IPTU e IPVA também foram comprometidos por causa dos gastos extras. A família que sempre quitava em uma única fatura os impostos teve que parcelar os tributos durante todo o ano de 2015.

Apesar de todo o sacrifício que está passando, Karine é otimista em relação ao crescimento da renda e profissional de sua família neste ano, mesmo se acreditar na redução da inflação.

Quilo do pão francês tem alta de até 11% na Capital

O fortalezense está pagando mais caro para manter o pão francês, ou carioquinha, na mesa a partir deste mês de fevereiro. Desde ontem (2), a maioria das panificadoras da Capital reajustaram o preço do quilo do produto em até 11%. O aumento, que já estava previsto desde o ano passado, é motivado, segundo empresários do setor, por uma conjunção de fatores, a começar pelo aumento do custo do trigo influenciado pela alta do dólar, elevação dos impostos, além do encarecimento dos combustíveis, da energia e do gás.

De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria no Estado do Ceará (Sindpan-CE), Lauro Martins, a previsão é de um aumento médio entre 8% e 10%. "Até janeiro, o preço médio do quilo do carioquinha, em Fortaleza, variava entre R$ 8,50 e R$ 9,00. Com o reajuste os preços devem ficar, em média, de R$ 9,00 a R$ 9,50, o quilo", calcula Martins.

Nas padarias

Proprietário da Panetutte, localizada na Avenida Soriano Albuquerque, no bairro Joaquim Távora, Lauro Martins informa que, em seu estabelecimento, o quilo do produto passou de R$ 8,95 para R$ 9,59.

No bairro Dionísio Torres, a panificadora Art Pão, do empresário Ellison Machado, está com o valor do quilo do carioquinha um real mais caro. "O preço do quilo, que custava R$ 8,98 e passou para R$ 9,98", informa o proprietário, que garante que a alta nos preços foi inevitável devido ao encarecimento dos insumos. Segundo ele, os clientes já esperavam o aumento e não reclamaram. "Como foi acrescido R$ 1,00 no valor do quilo, o aumento percebido na compra é pequeno, de centavos, e acaba não sendo tão sentido no bolso".

Estoque segura aumento

Com lojas nos bairros de Fátima, Pio XII e Parquelândia, a Panebox reajustará os preços do pão somente na próxima semana, segundo o proprietário Ângelo Márcio. "Ainda estamos trabalhando com o preço de R$ 9,89 por quilo, mas a partir da próxima semana o valor deve ir para R$ 10,80. Seguramos o quanto pudemos, mas com a elevação dos custos não dá mais para adiar o reajuste de preço", diz.

Sem reajuste

Ainda sem previsão de alta no valor do quilo do produto em suas quatro unidades - localizadas nas avenidas 13 de Maio, Duque de Caxias, Francisco Sá e Tristão Gonçalves -, a Padaria Romana mantém o preço do quilo do pão em R$ 9,90 e informa que não há previsão de aumento. O mesmo ocorre na MontMarttre, situada na Avenida Dom Luiz, no bairro Aldeota, onde o carioquinha é comercializado a R$ 9,89, o quilo.

Na panificadora Plaza, na Av. Santos Dumont, também Aldeota, o quilo do carioquinha continua custando R$ 13,39 e ainda não é cogitado índice nem data para aumento de preços.

Gastos escolares sobem mais que IPC

Brasília. A inflação referente aos gastos escolares aumentou o dobro da variação geral de preços, conforme divulgou ontem a Fundação Getúlio Vargas. Apesar disso, a taxa registrada em janeiro de 2015 foi menor que a do mesmo mês em 2014.

Enquanto o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) encerrou o mês de janeiro com variação de 1,51%, os gastos com material escolar, livros, transporte, cursos e lanchonetes chegaram a 3,73%. Em janeiro do ano passado, o indicador somou 3,80%.

Maior inflação

A maior inflação foi registrada nos cursos formais, que incluem os ensinos fundamental, médio e elementar, com 6,29% em janeiro. A alta foi menor que a registrada no ano anterior, de 6,62%. Os cursos não formais, de inglês e informática, também tiveram inflação menor, caindo de 2,82%, em janeiro do ano passado, para 1,79% no primeiro mês deste ano.

O mesmo comportamento foi registrado no transporte escolar, que teve inflação de 4,35% no início do ano passado e de 3,28% este ano.

Reajuste normal

Todos os demais índices tiveram aumento da inflação. O material escolar registrou alta de 1,88%, contra 0,90% do ano passado. Os livros didáticos ficaram com 1,81%, contra 0,22% de janeiro de 2014. Os livros não didáticos também aumentaram, com alta de 0,96%, enquanto, no início do ano passado, a inflação atingiu 0,12%. Bares e lanchonetes foi outro item com variação acima de 2014, com alta de 1,30% em janeiro de 2015, 0,42 ponto percentual superior ao 0,88% registrado em 2014. Em 12 meses, os gastos escolares acumulam alta de 9,39%. Já a inflação completa soma 6,87% no IPC da FGV. O item bares e lanchonetes teve a maior variação total (11,17%), e os livros didáticos a menor em 12 meses ( 3,28%).

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