Idosos somam 10,9% na lista do SPC em setembro

Diário do Nordeste

15/10/2014

O Ceará continua ostentando números mais otimistas que os nacionais quando o setor analisado economicamente é o comércio varejista, e tem, hoje, no consumidor de 65 anos ou mais uma fatia tão dinâmica do mercado quanto as demais, enquanto no País 32% deste público teve o nome negativado na praça no último ano. Os dados são de uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) Brasil e divulgada ontem.

Figurando como um dos exemplos mais promissores do setor no Nordeste, o comércio cearense ostenta uma agilidade financeira entre os idosos que, ao contrário do apontado no balanço nacional, sinaliza aquecimento no setor, pelo que mostram as informações apresentadas pelo superintendente da Câmara dos Dirigentes Lojista de Fortaleza, Antonio Carlos Rodrigues. "Ao analisar os dados, você percebe que há uma coerência, porque eles (os idosos) passaram a comprar mais, dever mais e pagar mais também", analisa.

Média aponta equilíbrio

Os dados mencionados por Rodrigues correspondem ao levantamento feito por ele a pedido da reportagem. Os números atestam em janeiro e em setembro deste ano - último mês cujos dados da CDL foram consolidados -, que os idosos representam uma média de 10% entre todos que regularizaram dívidas.

Quando a comparação se dá na quantidade de consultas ao SPC no Estado, os consumidores cuja idade é 65 anos ou mais representaram 6,38% no primeiro mês de 2014 e 8,33% no nono. A consulta à base de dados da CDL Fortaleza ainda apontou que, entre os postos na lista negra do consumo cearense, os idosos representavam apenas 10,94%, em setembro.

É sobre estes números que Rodrigues aponta um equilíbrio tanto na média quanto na relação entre o aumento do consumo, o aumento das consultas e também o aumento das dívidas.

'Não é ruim para economia'

"Isso não é ruim para a economia. Não é assustador e está razoável para o mercado local", reforça o superintendente quando questionado sobre o que representa esta movimentação para os varejistas cearenses, filiados ou não à CDL.

Rodrigues pontua que o atraso no pagamento, às vezes, pode prejudicar o comércio, mas com o número de pessoas que retornaram ao crédito, isso não possui nenhum efeito drástico.

57% no País sem reservas

Sem base de comparação com as informações colhidas pela CDL Fortaleza, o SPC ainda detectou na pesquisa que 57% dos aposentados entrevistados disseram não possuir qualquer reserva financeira para acionar, em casos de emergências. "Essa situação é ainda mais comum entre os entrevistados com baixa escolaridade e os pertencentes à classe D e E", afirma a economista do SPC Brasil, Marcela Kawauti.

A investigação divulgada ontem, também observa que, "apesar de 72% dos consumidores com mais de 60 anos declararem ter atualmente uma situação financeira estável, essa tranquilidade parece não ter sido conquistada com uma preparação financeira ao longo dos anos para aproveitar a terceira idade".

Perfil nacional, segundo SPC

Sobre a relação financeira deles, o SPC Brasil revela um cenário constrangedor, no qual 81% afirmam não depender de ninguém para gerirem as próprias contas, apenas 41% dizem saber calcular os juros dos empréstimos e apenas 9% dos idosos realizam transações bancárias usando o computador. Dos que seguem inadimplentes, cerca de 32% já representam quatro milhões de pessoas - 25% da população acima de 65 anos.

Greve dos bancários adiou Feirão Limpa Nome

Previsto para ser realizado entre 21 e 25 de outubro deste ano - data estratégica para o comércio da Capital ter consumidores livres de dívidas e prontos para novas compras no fim de ano-, o Feirão Limpa Nome planejado pela Câmara dos Dirigentes Lojistas de Fortaleza foi cancelado devido à greve dos bancários e só deve acontecer no próximo ano - sem data definida ainda.

A informação foi dada pelo superintendente da CDL Fortaleza, Antônio Carlos Rodrigues, o qual justificou a medida como necessária para garantir a satisfação tanto dos clientes quanto dos lojistas interessados na campanha de positivação que aconteceria pelo segundo ano no Estado. De acordo com ele, o principal motivo deve-se à greve dos bancários, deflagrada a menos de um mês da data do feirão. "Para fazer um feirão desse porte, é preciso ter âncoras do sistema financeiro, tanto para ter fluxos para os demais lojistas quanto para os consumidores, mas o período foi muito cruel", disse.

Duração comprometeu

Rodrigues conta que "muitas empresas ainda estudaram a participação, mas sem o funcionamento dos bancos ficaria inviável e como o histórico da greve dos bancários era de muitos dias, todos desistiram".

"Por isso decidimos, para o bem do consumidor, principalmente, cancelar. Deveremos retornar com o feirão no próximo ano, mas ainda estamos analisando o cenário para que seja vantajoso para todos", finalizou o superintendente. (AOL)

Opinião do especialista

Não empreste o nome

Existem dois grandes motivos para o idos entrar nesta situação de inadimplência. O primeiro é que, geralmente ele é aposentado, e a família acaba tomando empréstimos no nome dele e chega a uma situação que não conseguem mais quitar as dívidas feitas por eles mesmos, prejudicando, no fim das contas, o idoso que cedeu o cartão do INSS.

O segundo motivo que compromete o nome dos idosos na praça é o empréstimo do nome para terceiros, ou seja, tornar-se fiador de alguém. Nas duas situações, há ainda a possibilidade de fazer um 'empréstimo mãe' para quitar os demais e o risco de tudo isso virar 'uma bola de neve' é grande.

Agora, a solução é ele desenvolver uma postura para que consiga cumprir os compromissos financeiros e até recusar ceder o cartão do INSS, com um cuidado especial na relação que possui com a família, porque esta postura é o único jeito dele quitar as dívidas e não comprometer o crédito.

Paulo César Costa
CEO da PH3A e especialista em mercado de recuperação de crédito

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