No inquérito da Operação Frota, que apura o superfaturamento do contrato
de locação de automóveis para o Ministério da Saúde, há um depoimento
que envolve o ex-ministro Alexandre Padilha e alguns de seus assessores.
O empresário Alan Diniz disse ao Ministério Público que a licitação foi
dirigida e que parte do dinheiro do contrato seria desviado para a
campanha de Padilha, o candidato do PT ao governo de São Paulo. Alan
entrou no negócio como sócio da San Marino, a empresa que venceu a
licitação. Ele conta que, por causa disso, acompanhou todo o processo.
As irregularidades teriam começado meses antes de o ministério divulgar o
edital de licitação – redigido, segundo ele, num escritório de
advocacia e feito sob medida para beneficiar a empresa, o que totalmente
é ilegal.
Dono de hotéis e de vários empreendimentos
imobiliários em Brasília, Alan Diniz conta que foi convidado para
participar do negócio como sócio-investidor. Entraria com o dinheiro
para comprar os carros que seriam alugados pelo ministério. O empresário
afirma que desistiu de participar ao descobrir que tudo era uma fraude.
Além do edital viciado, os preços também eram superfaturados. O mais
grave, no entanto, é o que ele afirma ter ouvido de uma consultora do
ministério que acompanhava o processo: parte do dinheiro – 15% do valor
do contrato - seria desviado para o então ministro Alexandre Padilha.
Alan apontou Beatris Gautério de Lima como a consultora que orientava a
fraude e que fez a revelação sobre o destino final do dinheiro.
O
empresário entregou ao Ministério Público documentos que provariam que o
edital da licitação foi confeccionado fora das dependências do
Ministério da Saúde e deu nomes de todos os envolvidos. Procurado, o
ministro Padilha reagiu indignado. “Essa acusação é absurda e carece de
indícios mínimos que possam sugerir meu envolvimento no caso. Trata-se
de uma licitação cuja responsabilidade era da coordenadoria do Distrito
Sanitário Especial Indígena do Estado da Bahia e, quando as
irregularidades foram detectadas pelo Ministério da Saúde, todas as
medidas cabíveis foram tomadas por minha direta determinação”, disse o
ministro, por intermédio de sua assessoria. O empresário Dácio Maria de
Lacerda, dono da San Marino, negou a existência das irregularidades.
Beatris Gautério não foi localizada.
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