Dona Alzira, 77, viúva, mora sozinha há 15 anos em seu apartamento na Vila Zelina, zona leste de São Paulo, e não quer outra vida.
Não dá satisfação a ninguém, viaja com as amigas, participa de uma roda de tricô e passa o domingo com filho, nora e netos.
Idosos como Alzira Gestinari são cada vez mais comuns em São Paulo. Em cerca de um terço das residências de apenas um morador vivem maiores de 65 anos.
E o número de idosos morando sozinhos cresce a uma taxa muito forte. Foi um aumento de 60% na década de 2000. Hoje eles já são 155 mil.
"Nos EUA, 28% das pessoas moram sós; em Manhattan, já são 50%. Em Estocolmo, na Suécia, 60%. É uma tendência irreversível", diz o urbanista Anderson Kazuo Nakano.
Mas morar sozinho não é sinônimo de solidão, diz Mirela Camargos, autora de um estudo demográfico sobre a terceira idade na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). "Os idosos têm mais saúde. A comunicação está mais fácil. Quem mora só não está abandonado. É uma opção."
Dona Alzira gosta da vida assim. "Saio, vou ao bingo e viajo com minhas amigas", conta ela, que faz turismo tanto em Caldas Novas (GO) como na França e na Espanha.
Recentemente, encarou uma ida à Disneylândia, nos EUA, com a neta de 15 anos e a amiga dela. (VC).
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