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Brasil perplexo com a morte de Eduardo Campos

Diário do Nordeste

14/08/2014

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A campanha eleitoral de 2014 sofreu um grande choque na tarde de ontem. O candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Henrique Accioly Campos, 49 anos recém-completados, morreu vítima de um acidente aéreo em Santos, às 10 horas da manhã.

O jatinho no qual estavam Campos, quatro assessores e dois pilotos havia partido do Rio de Janeiro. Tentou pousar na base aérea da cidade do litoral paulista, mas precisou arremeter. Caiu logo em seguida.

Ninguém que estava a bordo sobreviveu. Seis pessoas em solo ficaram feridas levemente, uma delas um bebê. Chovia na hora da queda.

As causas do acidente, ainda desconhecidas, estão sob investigação. Além de ajudar na identificação dos corpos, a Polícia Federal abriu inquérito para investigar as circunstâncias do acidente com o avião que levava Eduardo Campos.

Será necessário fazer exame de DNA para a identificação de algumas vítimas. Os restos mortais foram encaminhados ao IML de São Paulo. A PF vai apurar se houve imperícia, imprudência ou se foi apenas uma fatalidade. Apesar de ser um avião considerado novo, não se descarta a possibilidade de falha técnica. A investigação ficará a cargo de delegados e agentes da Superintendência da corporação em São Paulo.

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes (Cenipa), órgão subordinado ao comando da Aeronáutica, também apura a queda. Ao contrário da Polícia, o trabalho do Cenipa não é criminalizar eventuais culpados, mas tentar aprimorar a segurança de voos identificando e divulgando os fatores que contribuíram para os acidentes investigados.

A polícia também enviou 11 peritos para ajudar na identificação de feridos e análise do local do acidente. Um deles participou das apurações com o acidente do avião da Malaysia Airlines, que caiu na Ucrânia em 17 de maio. As duas caixas-pretas da aeronave, encontradas pelos peritos, foram encaminhadas para investigação na Aeronáutica.

Viagem interrompida

O avião Cessna 560XL em que viajava o candidato do PSB à Presidência decolou 8 minutos antes do previsto do Aeroporto Santos Dumont, no Rio.

O plano de voo apresentado pessoalmente por um dos pilotos à Sala de Informações Aeroportuárias, às 22h26 de terça-feira, 12, previa que o jato partiria às 9h29 de ontem. O voo decolou às 9h21, com previsão de chegada na Base Aérea de Santos por volta das 10h. A Infraero, por meio de sua assessoria, informou que essas pequenas variações de horário são rotineiras.

O avião era conduzido por Geraldo da Cunha e Marcos Martins, ambos pilotos privados contratados pela coordenação de campanha do PSB. De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a aeronave estava sob regime de “arrendamento operacional”, destinada a serviços aéreos privados. Todas as licenças operacionais estavam regularizadas, segundo a agência reguladora. O avião tinha capacidade para transportar até 12 passageiros e carregar até 9 toneladas. O modelo do jato possuía dois motores.

Outras vítimas

Além de Campos, morreram no acidente Pedrinho Valadares, 48 (ex-deputado e assessor do candidato), Carlos Percol, 36 (assessor de imprensa), Alexandre Severo, 36 (fotógrafo), Marcelo Lyra, 36 (cinegrafista), Marcos Martins, 42 (piloto) e Geraldo Cunha, 45 (copiloto).

Uma sucessão presidencial imprevisível, agora marcada pela perplexidade e por uma tragédia sem comparação possível no passado da República brasileira. Para pesquisadores que acompanham a política e a história do Brasil, esse é o cenário em que a morte do candidato do PSB lança a política do País.

“Equivalente a isso, só (a morte de) Tancredo (Neves, presidente eleito indiretamente em 1985, que, internado antes da posse, morreu sem assumir o mandato)”, afirmou a historiadora Maria Celina D’Araújo.

“Era um fiel da balança importantíssimo. Agora é difícil avaliar. O partido vai ter de discutir. Não sei se o PSB terá alguém para substituir”, acrescentou.

‘Marasmo’

O cientista político Luiz Werneck Vianna disse não se recordar de episódio semelhante na República. “A eleição já está um marasmo danado, um desencanto generalizado”, disse. “Sem uma candidatura influente no Nordeste, a campanha fica ainda mais desinteressante”, avaliou.

Acidentes já tiraram a vida de outros políticos do País

São Paulo. Acidentes aéreos já tiraram a vida de outros políticos brasileiros, entre eles dois que passaram pela Presidência da República, o marechal Humberto de Alencar Castelo Branco e um ex-deputado e presidente da Câmara, Nereu Ramos.

A lista inclui também, entre as lideranças mais importantes, o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Ulysses Guimarães, e o ex-governador do Rio de Janeiro Roberto Silveira. O acidente que vitimou Eduardo Campos (PSB) foi o primeiro da história do País em que um candidato à Presidência morreu em plena campanha.

O marechal Castelo Branco, primeiro presidente do governo militar instaurado pelo Golpe de 1964, morreu dois meses depois de deixar o poder. O avião em que viajava colidiu com um jato, enquanto voava perto da Base Aérea de Fortaleza.

Era 19 de julho de 1967 e o País vivia os primeiros passos do segundo governo militar de seu sucessor, o general Arthur da Costa e Silva.

Nereu de Oliveira Ramos foi presidente da República interino durante três meses, entre o final de 1955 e o início de 1956, quando transferiu o cargo ao presidente eleito Juscelino Kubitschek. Ramos morreu no dia 16 de junho de 1958 numa queda de avião na sua cidade natal, São José dos Pinhais (PR).

Ulysses Guimarães, que foi presidente da Câmara dos Deputados e da Assembleia que promulgou a Constituição de 1988, estava em um helicóptero que caiu no mar, perto da costa de Angra dos Reis (RJ), no dia 12 de outubro de 1992. Seu corpo nunca foi encontrado.

O ministro Marcos Freire comandava o Ministério da Reforma Agrária durante o governo José Sarney quando morreu em acidente aéreo no dia 8 de setembro de 1987, no sul do Pará. Freire pertencia ao chamado grupo dos "autênticos" do antigo MDB (depois PMDB), que seguiam uma linha crítica aos militares.

Roberto Silveira era governador do Rio quando foi vítima de um acidente de helicóptero sobrevoando Petrópo- lis. Morreu em fevereiro de 1961.

Clériston Andrade, candidato ao governo da Bahia, morreu em 1º de outubro de 1982, um mês e meio antes da eleição - também devido à queda de um helicóptero. Andrade havia sido prefeito de Salvador entre 1970 e 1975. Dias após a sua morte, João Durval foi indicado pelo então governador e foi eleito.

O deputado José Carlos Martinez, do PTB-PR, morreu em outubro de 2013 quando o avião em que estava decolou de Curitiba e bateu em um morro.

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