A reforma de uma praça causou mal estar entre um moradores do Distrito de Flores, neste município, e os gestores das pastas de Infraestrutura e Meio Ambiente. O fato de a prefeitura retirar as árvores nativas para o plantio de carnaúbas, com objetivo de ornamentar o lugar, revoltou um grupo, que também reclamou não ter tido espaço para participação no projeto de revitalização do espaço público.
A prefeitura da cidade retirou as árvores nativas na praça da comunidade. Entre as espécies estavam nim, flamboaiã, brasileirinho e algumas figueiras, que proporcionavam sombreamento. No lugar foram colocadas carnaúbas
A insatisfação do grupo de jovens chamado Free começou no início de setembro, quando funcionários da Secretaria de Infraestrutura realizaram a poda drástica de árvores nativas na praça da comunidade. Entre as espécies estavam nim, flamboaiã, brasileirinho e algumas figueiras, que proporcionavam sombreamento.
Muitas das árvores tiveram suas copas completamente cortadas. Após o início da poda, jovens foram para a praça portando cartazes denunciando a ação, que é considerada ilegal, pelo fato de mutilar o vegetal, além de infringir o artigo 49 da Lei Federal n° 9605/98 (Lei dos Crimes Ambientais).
Entre as reivindicações, o grupo pedia a participação no projeto de revitalização da Praça do Distrito. Segundo a moradora e militante da causa, Silvania Mendes, as tentativas de se construir um projeto participativo da comunidade com a prefeitura foi inútil, já que o projeto imposto pelo município manteve o cronograma. “Apenas acho que os projetos de uma gestão deveriam ser mais participativos, afinal de contas os gestores estão assumindo um lugar de representação do povo. O povo precisa ser ouvido, minimamente”, diz.
A comunidade tem exemplos de atuação junto à comunidade no que cabem lutas para preservação do meio ambiente. Uma das ações é o projeto piloto no município de coleta seletiva de recicláveis, iniciada no mês de agosto, após anos de tentativas de implantar a ação.
Mobilização
Outro exemplo de atuação é o engajamento de jovens em temas polêmicos, como a poluição causada por cerâmicas e o lixão próximo ao Centro do Distrito. O grupo Free, organizado por jovens, tem papel de atuar diretamente e mobilizar a comunidade para essas questões.
Para Silvania Mendes, a comunidade deveria ter sido ouvida quanto a derrubada das árvores, para que pudesse se
manifestar e apresentar outras alternativas menos ofensivas à recuperação da praça.
“Quando falamos em meio ambiente somos totalmente incluídos nesse conceito. As árvores nativas devem ser priorizadas e principalmente as que proporcionam sombreamento”.
Para o Coordenador de Infraestrutura do município, Welsser Castelo, a revitalização da praça era necessária, já que a mesma encontrava-se deteriorada. “Fizemos a recuperação da calçada, da pintura da capela da comunidade e do jardim”, diz.
Sobre a troca de árvores nativas para o plantio de carnaubeiras, o coordenador justificou que as figueiras não representam árvores do contexto local, sendo as carnaúbas árvores oficiais presentes até mesmo no escudo da bandeira do Ceará. “A troca foi uma forma de valorizar a árvore nativa cearense”.
Sobre a reivindicação do grupo de moradores que queriam um projeto participativo da reforma da praça, o coordenador disse que não falaria sobre o assunto, já que não foi tratado com a Secretaria de Infraestrutura e sim com a pasta de Meio
Ambiente. A nova praça será inaugurada amanhã, a partir das 19 horas, no Distrito de Flores. Até o fechamento da matéria, a reportagem não conseguiu falar com os responsáveis pela Secretaria de Meio Ambiente, sendo informados de que ninguém se encontrava no lugar no momento.