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Russas: Inclusão no mercado de trabalho ainda é desafio

Ellen freitas/DN

10/08/2013

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Russas. No interior ainda é pouca a oferta de emprego para pessoas com deficiência. Salvos os casos em que as empresas, acima de 100 empregados, são obrigadas por lei a contratar, as iniciativas de empresas menores são inexpressivas. Além disso, algumas vagas ofertadas são em condições precárias.

O hoje vigilante de iniciais F.J.F., 49 anos, que pediu para ter sua identidade preservada, afirma que, desde que teve sua perna amputada devido a problemas de saúde em decorrência do tabagismo, há 14 anos, pouco se ouviu falar no interior em vagas de trabalho para pessoas com deficiência. "Quando amputaram minha perna fiquei sem trabalhar muito tempo, só recebendo o benefício e a gente não ouvia falar de vaga de trabalho, por isso ninguém ia atrás. Há três anos foi que o dono de uma cerâmica me procurou pra trabalhar com ele, eu não tinha mais ajuda do Governo", afirma.

Ele conta que recebeu benefício do INSS por oito anos, até seu benefício ser cortado em 2008, de lá para cá ele briga na justiça para assegurar seu direito a aposentadoria.

Todos os dias ele acorda cedo para cumprir a carga horária de 44 horas semanais em uma olaria. O trabalho não é braçal como o dos demais funcionários, ele é porteiro da fábrica, realiza pequenas tarefas e cumpre sua carga horária como qualquer trabalhador. Para isso ele ganha por mês cerca de R$ 400,00 e recebe o 13º no final do ano. Ele não tem direitos assegurados já que não assina a carteira, opção dele já que ele espera pela aposentadoria.

Carga horária

Ele lamenta que não receba o salário mínimo, já que ele cumpre com sua carga horária rigorosamente, como todos os funcionários. "Pela lógica eu também deveria receber o salário todo", lamenta.

Já se passaram cinco anos e seu processo corre de advogado em advogado, sem idéia de quando possa ser julgado. Ele já fez perícia médica para comprovar sua limitação e espera ansioso para voltar a receber o benefício. Há três começou a trabalhar pela necessidade, quando foi procurado pelo dono de uma olaria para preencher a vaga.

Neste município, somente a indústria calçadista oferta com frequência vagar para pessoa com deficiência.

Somente uma delas emprega cerca de 4000 funcionários e pare este quadro a o Art. 93 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, determina que 5% destas vagas sejam preenchidas por pessoas portadoras de deficiência.

O comércio local são pouca as iniciativas. O empresário José Erivaldo Leite Pontes, proprietário da rede de lojas de móveis e eletrodomésticos, conta que há três anos um rapaz com deficiência o procurou em busca de trabalho. "Ele tem uma deficiência no braço e veio conversar comigo. Quando a gente contrata um funcionário a gente tem que avaliar sua responsabilidade, compromisso e capacidade dentro das limitações e ele se mostrou desse jeito, se ele não for bem em uma função a gente coloca em outra que seja melhor pra ele", conta.

Elogios

O empresário elogia o funcionário e afirma que ele desenvolve o trabalho melhor do que outros funcionários que não tem nenhum tipo de deficiência. "Ele começou como vendedor e hoje ele trabalha tomando de conta do nosso armazém. Ele era muito bom vendedor, mas achamos melhor para ele transferi-lo de função", afirma José Erivaldo.

O presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Ceará (Cedef), Daniel Melo de Cordeiro, afirma que é importante que o governo realize campanhas de conscientização, tanto para empresários quanto para as pessoas portadoras de deficiências.

Defende que todos estejam conscientes de seus direitos e que é possível que elas possam desempenhar bem o seu papel junto ao mercado de trabalho.

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