Presidente do Ceará pede afastamento por tempo indeterminado. Robinson de Castro deve ficar à frente do Clube
Na noite de ontem, o presidente do Ceará, Evandro Leitão, publicou uma nota no site oficial do clube onde explica os motivos que o fizeram pedir afastamento da diretoria por tempo indeterminado. "Esta decisão foi tomada há cerca de um mês e o resultado de hoje (ontem), não teve influência. Sinto-me desgastado fisicamente, psicologicamente e emocionalmente. Necessito me restabelecer", justificou o dirigente. Esta deve ser apenas a primeira de uma série de baixas que o time deve ter. Ao torcedor, cabe saber compreender que o rebaixamento é um somatório de fatores negativos. A diretoria teve decisões equivocadas que pesaram, como permitir a saída do líder Geraldo e a vinda de Estevam Soares já num momento crítico. A comissão técnica muitas vezes bateu cabeça e não soube armar o meio-campo criativo do time. Os jogadores caíram de rendimento no segundo turno - a defesa não era mais tão sólida e o ataque desperdiçava as poucas chances de gol.
O desafio, agora, será manter o padrão de um time competitivo sem as cotas de patrocínio da Série A. Para isso, é fundamental que um dos principais trunfos financeiros do Vovô não perca força: o programa de sócios torcedores Sou Mais. É explicável, após um rebaixamento, a torcida querer se distanciar do time, mas a história recente mostra que times grandes como Corinthians e Vasco caíram e logo voltaram embalados pela motivação do torcedor, que usou o momento de dificuldade para evidenciar seu amor ao time. O desafio é ainda maior com a falta das rendas milionárias que o Castelão proporcionava.
Um passo para trás
O rebaixamento do Ceará para a Série B 2012 não pode condenar um grupo vitorioso cuja base é mantida desde 2009, quando o acesso à primeira divisão chegou após 16 anos de luta na segundona. Este descenso não é a primeira decepção que a torcida tem do grupo - no estadual de 2010, quando o maior rival foi tetracampeão, houve uma desconfiança no elenco, logo esquecida no segundo semestre, após uma boa campanha no retorno à Série A, com um início fulminante, em que o Vovô chegou a disputar a liderança com o Corinthians e se classificou à Copa Sul-Americana. O rebaixamento deve ser pensado como um passo para trás, mas nada que impeça o Alvinegro de dar dois passos à frente em 2012.
Esta geração vitoriosa, iniciada junto com a gestão bem administrada de Evandro Leitão, conseguiu estruturar o clube tanto nas instalações físicas, como nas finanças e na valorização da imagem do Ceará no País. Além disso, foi possível manter a base de jogadores que da campanha de 2009, quando PC Gusmão armou uma equipe competitiva. Alguns já saíram, outros permanecem em novos nomes chegaram. Assim, o espírito de luta deve ser mantido.
ALTOS E BAIXOSCampanha no returno foi determinante para a queda
O rebaixamento do Ceará tem um marco zero: o início do returno do Brasileirão. Até a 20ª rodada, o Vovô fazia uma campanha regular, até certo ponto segura, com sete vitórias, quatro empates e oito derrotas, marcando 27 gols e sofrendo 28.
Terminando o 1ª turno com 25 pontos, em 13ºlugar, posição que lhe garantia uma vaga na Sul-Americana em 2012, com 45% de aproveitamento de pontos, apenas mais 20 pontos seriam suficientes para garantir o Vovô na elite em 2012, segundo projeções da diretoria.
E não faltavam motivos para acreditar no triunfo, afinal, não faltaram bons momentos, como as vitórias contra o Inter (0x1), Palmeiras (2x0), Atlético/MG (3x0), América/MG (4x0), Grêmio (3x0) e Bahia (3x0).
Só que veio o returno e os resultados positivos sumiram. E começaram as mudanças de treinador: o técnico Vágner Mancini caiu na 23ª rodada, quando a produção do time já não era a mesma. Com a chegada de Estevam Soares, nada mudou e o técnico caiu oito rodadas depois, com apenas uma vitória.
No desespero, a diretoria do Vovô, solicitou novamente o eterno Dimas Filgueiras para comandar o time nas sete rodadas finais. Embora o time tenha evoluído tecnicamente e passado a jogar melhor, os resultados em casa não vinham. Dimas não venceu jogando no PV, o que foi fatal para o rebaixamento.
No returno, o Vovô fez a pior campanha, com apenas 14 pontos conquistados.
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