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Fitas enfeitam e simbolizam a religiosidade dos católicos

Diário do Nordeste

15/09/2017

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As grades da igreja da tradicional Paróquia da Nossa Senhora da Saúde, no Mucuripe, repleta de fitas; à noite, os fieis renovam seus pedidos na busca de terem seus milagres atendidos ( Fotos: Natinho
As grades da igreja da tradicional Paróquia da Nossa Senhora da Saúde, no Mucuripe, repleta de fitas; à noite, os fieis renovam seus pedidos na busca de terem seus milagres atendidos ( Fotos: Natinho

Para os fieis, ao deixar a fita amarrada às grades da Igreja com um pedido, a graça será alcançada em breve.

Em meio à movimentada Avenida Abolição, um emaranhado de cores atrai instantaneamente olhares atentos, tanto dos contempladores por natureza quanto dos mais apressados. Católicos ou não, centenas de transeuntes deparam-se com a mistura de tonalidade das fitas amarradas às grades da tradicional Paróquia da Nossa Senhora da Saúde, no Mucuripe, e se encantam com a vivacidade de uma tradição edificada e mantida pela fé.

A tradição do enlaçamento das fitas de tecido surgiu há quatro anos e é realizada durante a Missa de Cura, ministrada todas às quintas-feiras.

O costume aponta que, ao inserir a fita no local, a pessoa precisa realizar um pedido ou promessa. Segundo o Padre Alderi Leite de Araújo, pároco da Igreja à época e o responsável por conceber a ação, a ideia da distribuição dos souvenirs foi inspirada nas fitas amarradas ao gradil da Igreja do Senhor do Bonfim, localizada na Bahia.

O hábito, ressuscitado em meados da década de 60, é um objeto rico em significado cultural e nasceu do antigo costume adotado por católicos de utilizar tiras de roupas de santos para ter sorte ou proteção.

O costume, criado na Paróquia alencarina, logo foi incorporado pelos fiéis, que dão continuidade ao ato simbólico até os dias atuais. Padre Alderi explica que a tradição é um modo de estreitar os laços da população com a fé. "Com a Adoração do Santíssimo, as pessoas levavam as fitas para casa e traziam na semana seguinte para devolver, simbolizando que era um compromisso que assumiram com Jesus, com o Evangelho e sua mensagem".

O padre acrescenta que a prática também funciona como um instrumento de mobilização, para a comunidade conhecer mais sobre os ensinamentos. "As pessoas leem, mas gostam de ver e de pegar em algo concreto. É uma coisa simples, mas que faz você lembrar que tem um compromisso. Quando você olha, você lembra que precisa viver essa palavra de Deus", reforça.

De acordo com Jesito Marcelino, 45, responsável por cuidar da Igreja, as fitas de algodão também atraem turistas ao espaço. "Os turistas sempre veem as fitas, porque chama bastante a atenção. Quando sobram, sempre dou para eles fazerem os pedidos também". Conforme Jesito, o tempo e as condições climáticas deterioraram as fitas, mas e a fé sempre resiste entre os fiéis.

A aposentada Maria Eliane Fernandes, 74, afirma que se desloca diariamente rumo à Paróquia para assistir à missa. "Católica apostólica de verdade", como se define, Eliane nasceu e se criou no Mucuripe, mas nos últimos anos foi morar em Caucaia. Entretanto, as dezenas de quilômetros de distância não impedem a presença de Maria nas celebrações da eucaristia, confirmando que a fé move mais que montanhas.

Promessas

A mulher afirma que já fez muitas promessas ao longo da vida e costuma amarrar as fitas na entrada, desde o início do costume. Além de seguir a tradição, Maria afirma que busca seguir os ensinamentos. "Aprendi que sempre temos que dar para quem não pode ter e que devemos fazer o que podemos". Às quintas-feiras, a estimativa da Paróquia é que cerca de 500 pessoas transitem pela Igreja.

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