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O medo de quem mora ao lado da Penitenciária

Diário do Nordeste

06/06/2017

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Ao fundo, o Complexo Penitenciário Itaitinga II, causa preocupação e medo para os moradores de Itaitinga, principalmente no bairro Parque Genezaré ( Foto: Kid Jr. )
Ao fundo, o Complexo Penitenciário Itaitinga II, causa preocupação e medo para os moradores de Itaitinga, principalmente no bairro Parque Genezaré ( Foto: Kid Jr. )

Dez detentos fugiram da CPPL III, na noite do último domingo. Eles cavaram um túnel e cortaram uma grade.

As constantes fugas das prisões localizadas no Complexo Penitenciário de Itaitinga II, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), levam tensão e medo à população que mora próximo ao equipamento da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus). Na noite do último domingo (4), foi registrada a quinta evasão de detentos só neste ano.

Desta vez, pelo menos dez presos integrantes da facção PCC escaparam da Casa de Privação Provisória de Liberdade Professor José Jucá Neto (CPPL III), após cavarem um túnel e cortarem a grade de acesso à parte externa da unidade, na Rua 'C'. Conforme a Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado do Ceará (Sejus), ontem, todos foram recapturados. Nove estavam em Pacatuba, e um no entorno.

Ao lado do Complexo, o bairro mais afetado pela insegurança das penitenciárias é o Parque Genezaré, que fica separado do Complexo de Itaitinga II apenas por um matagal. Uma aposentada que mora na localidade e não quis se identificar conta que reconhece quando há fuga ao ouvir vários tiros, sirenes de Polícia e barulho de helicóptero. Segundo ela, das casas dá para ver os fugitivos se embrenhando no matagal. Na fuga deste domingo, a aposentada diz ter ouvido "muita bala". "Eu morro de medo. Corro para dentro de casa e fecho tudo", relata.

Para a idosa, a proximidade do bairro com o Complexo Penitenciário e as fugas recorrentes estão atrapalhando o desenvolvimento de negócios e, consequentemente, da região. "Os presos já entraram na casa da minha filha para se esconder. Não fizeram nada, mas ela ficou com medo e não quis mais a casa, teve que vender. Eu mesmo quero vender minha casa e não consigo. Essas casas todas quase não tem morador", revela.

Uma auxiliar de serviços gerais, que costuma visitar a mãe no bairro Parque Genezaré, afirma que todos os moradores têm medo, mas pondera que nunca ouviu falar de um detento fugitivo ter assaltado ou agredido alguém. "Eles só pedem água, roupa e comida e vão embora", diz.

Já outra mulher, que não quis informar sequer a profissão por temer retaliações, corrobora que é comum os presos passarem por sua rua e pedirem mantimentos. Mas o medo dela é de possíveis perseguições policiais e trocas de tiros. "Quando eles fogem, querem ir para a casa deles. Mas a gente fica assustada porque pode pagar por algo que não deve, como uma bala perdida", afirma.

Um homem, que também preferiu não se identificar, contou que o seu carro e duas motocicletas, pertencentes a outros moradores de Itaitinga, foram roubados na manhã seguinte a uma fuga. Para ele, os assaltantes eram detentos que estavam procurando meios para fugir do Município, pois não eram pessoas conhecidas na região.

O comandante da Área Integrada de Segurança (AIS) 12, tenente-coronel Océlio Alves, afirma que, devido às últimas fugas, a Polícia Militar aumentou o efetivo policial e o número de viaturas em Itaitinga nos últimos meses. Ainda segundo o oficial, quando há fuga, o patrulhamento é intenso e conta com a colaboração de equipes especiais, como os Batalhões de Choque (BPChoque) e o de Ronda de Ações Intensivas e Ostensivas (BPRaio), para recapturar os presos fugitivos.

Tentativas

Ainda no último domingo, houve duas tentativas de fugas frustradas na mesma prisão. Os agentes penitenciários encontraram nas ruas A e D túneis, combogós e cercas quebradas. Esta é a quarta fuga registrada na CPPL III, e a quinta no Complexo, só em 2017. No dia 13 de março aconteceu a primeira. Na data, escaparam da CPPL III 11 integrantes do PCC.

Em 29 de abril deste ano ocorreu uma fuga em massa com 44 foragidos, sendo 13 recuperados horas depois. Ainda da mesma Casa de Privação escaparam três no último dia 18. Já em 21 de maio, quatro conseguiram fugir da CPPL II.

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