Diário do Nordeste
20/04/2017
Um grupo de cerca de 10 criminosos armados incendiou um coletivo da linha Beira Rio, que transitava pela Avenida José Lima Verde. ( Foto: Helene Santos )
O Sindicato dos Policiais Civis de Carreira do Estado do Ceará (Sinpol Ceará) divulgou, nesta quinta-feira (20), nota sobre os violentos ataques registrados em Fortaleza. Para o grupo, a violência é um reflexo da falta de estrutura da Polícia Civil do Estado. Até esta manhã, pelo menos 22 veículos foram incediados.
Segundo a vice-presidente do Sinpol, Ana Paula Lima, a Polícia Civil sofre um sucateamento devido a políticas governamentais nos últimos 25 anos, deixando a categoria atualmente com o pior salário do Nordeste e um dos três piores do país. "O crime organizado no Estado é resultado de uma Polícia Civil desmotivada e desestruturada. Diariamente sofremos duros golpes. Escrivães e inspetores, que investigam e combatem o crime organizado, estão esquecidos”, avalia Ana Paula, que destaca: "O crime organizado encontra aqui um terreno fértil”.
Ação de facções
Para a vice-presidente do Sinpol, "a situação na qual os policiais civis se encontram possibilitou a entrada das facções criminosas no Estado, tendo elas se aproximado por meio de núcleos compostos por bandidos como o irmão do Marcola (Marcos Willians Herbas Camacho, mais conhecido como Marcola, criminoso considerado líder da organização criminosa Primeiro Comando da Capital-PCC), preso aqui", diz.
Para Ana Paula, os criminosos estruturaram o crime organizado no Ceará, e aproximaram-se de grupos como o Comando Vermelho e o próprio PCC. "Os presos estão divididos por facções nos presídios, para evitar confrontos. E, sem uma Polícia Civil forte, valorizada, dificilmente serão alcançados resultados concretos. Há a necessidade de valorização para que o policial civil consiga fazer o trabalho de inteligência e combater o crime organizado. Só com atividade investigativa é que alcançaremos os líderes dessas facções”, aponta Ana.
Apesar da situação de insegurança, o Sindicato acredita que o atual cenário pode ser atenuado. "Apesar do cenário difícil, acreditamos que o governador Camilo Santana terá um olhar sensível à nossa categoria, dando uma justa valorização, como foi dada a outros agentes de segurança. Os policiais civis são tão importantes quanto as demais categorias no combate ao crime, em especial ao crime organizado", conclui Ana Paula.
Melhorias
Nesta quarta-feira (19), o governador Camilo Santana assinou a Proposta de Emenda Constitucional que insere o cargo de delegado da Polícia Civil nas carreiras jurídicas do Estado, inclusive de limites remuneratórios. A medida é um antigo pleito da categoria. A Mensagem será encaminhada para a Assembleia Legislativa para apreciação.
O secretário da Segurança, André Costa, destaca que esse benefício é importante na conjuntura de ações que vêm sendo realizadas para combater a criminalidade. "Como delegado de carreira, sei da importância desse trabalho. Ele centraliza todo o trabalho que é feito nas áreas de risco, nos bairros. É ele quem faz essa ponte entre o Poder Judiciário e o Poder Público. Essa medida é um reconhecimento para a Polícia Civil e será essencial nesta nova formatação que estamos implantando no estado do Ceará para que possamos melhorar cada vez mais", disse.