Diário do Nordeste
19/04/2017
Deputado Roberto Mesquita citou como um dos grandes escândalos os enxertos nas Medidas Provisórias votadas pelo Congresso Nacional ( Foto: José Leomar )
A questão foi levantada, no plenário da AL, na manhã de ontem, em razão de investigações que acontecerão no CE.
O deputado estadual Ely Aguiar (PSDC) apontou, ontem, em discurso na Assembleia Legislativa, que a Operação Lava-Jato está chegando ao Estado do Ceará. "Parece estar vindo e gostaria que chegasse o mais rápido possível", afirmou o parlamentar. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, determinou que fossem enviadas ao Ministério Público Federal do Ceará as denúncias feitas com relação à licitação do Transfor, programa de transporte urbano de Fortaleza, iniciado na gestão da ex-prefeita e deputada federal Luizianne Lins (PT), e com relação à Arena Castelão.
"Não faremos aqui nenhum juízo de valor antecipado, mesmo porque tudo isso está na linha das investigações". Ele ressaltou a importância de que se espere pelo trabalho do Ministério Público Federal. "Vamos esperar que isso caia na mão dos procuradores e que se vá fundo nessas investigações", disse.
O deputado do PSDC defendeu o trabalho do Ministério Público e cobrou que a Assembleia instale uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as denúncias relativas ao Castelão, e que a Câmara de Fortaleza seguisse o mesmo, mas para apurar possíveis irregularidades no Transfor.
Em aparte, o deputado Capitão Wagner (PR) disse que independentemente de quem seja, de qual partido for, deve haver investigação profunda. "Tenho escutado muitos discursos que o Estado do Ceará não é uma ilha. Quando se fala em crise econômica, o Estado do Ceará não é diferente dos demais estados, então isso nos faz crer também que o esquema que tomou conta do País pode muito bem ter chegado ao Ceará", disse.
"Aqui não estamos fazendo qualquer acusação leviana e nem levantando suspeita sobre quem quer que seja, sem que a gente possa primeiro ter acesso a todas as informações que chegaram ao Ministério Público aqui no Ceará", ressaltou, complementando que os deputados precisam dar todo apoio à Justiça Federal para que haja apuração profunda.
Superfaturamento
Roberto Mesquita (PSD) disse que a Lava-Jato traz surpresas a cada minuto, mas que nenhum episódio teria sido tão degradante quanto a delação da Odebrecht. "Foi um marco para transição de um novo Brasil. O que vimos nessa delação nos estarrece. Vimos uma empresa que tinha domínio do Brasil.
Na edição de medidas provisórias quando tinha interesse de salvar uma indústria, no superfaturamento de obras quando ela era interessada, vimos um poder paralelo da empresa e, o que é pior, vimos a certeza de que o fato existe há muito e foi potencializado nos governos dos ex-presidentes Lula e Dilma".
Para ele, há obrigação de se varrer, lavar o País. "Essa lavagem, sem dúvida nenhuma, vai passar pelas próximas eleições onde o povo deve fazer a assepsia dos mandatos, porque qualquer medida que venha a ser tomada por um Congresso sob suspeita como é este, com 24 senadores investigados, 39 deputados federais e um conjunto ainda a aparecer quando vierem as outras delações, são medidas que a sociedade não vai aceitar".
Fundada
Ferreira Aragão (PDT) apontou que a Odebrecht vem "roubando" desde o tempo de Getúlio Vargas. "Getúlio morreu, ficou o Café Filho e ela começou a construir as instalações da Petrobras. Com o Café Filho, já começava a roubar. No dia em que ela foi fundada, já foi em cima de roubo", acusou.
Todavia, o pedetista disse acreditar que daqui para frente o empresário vai pensar duas vezes antes de se associar a político "ladrão" e que os episódios atuais, embora tristes, trarão melhoria para a democracia brasileira e para os próximos pleitos que virão pela frente.