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Deputados falam em morte da democracia

Diário do Nordeste

13/04/2017

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Deputado Fernando Hugo exibe a capa do Diário do Nordeste, edição de ontem, para lamentar a situação dos políticos brasileiros ( FOTO: JOSÉ LEOMAR )
Deputado Fernando Hugo exibe a capa do Diário do Nordeste, edição de ontem, para lamentar a situação dos políticos brasileiros ( FOTO: JOSÉ LEOMAR )

O primeiro orador a falar sobre a falência da República foi Fernando Hugo, ao tratar da lista dos investigados.

"A República morreu". A declaração partiu do deputado estadual Fernando Hugo (PP) em discurso, ontem, na Assembleia Legislativa, ao tratar da divulgação da lista de citados na delação da Odebrecht. "O choro dos cidadãos não tem lado político, partidário, ideológico e tampouco há risos ou festas para comemorar abrasivamente a lista do Fachin", afirmou. O ministro Luiz Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a abertura de inquérito contra oito ministros do governo de Michel Temer, 25 senadores, 37 deputados federais e outros.

"Isso, para mim, é extremamente traumático porque tira de nós as mínimas crenças de que se possa ter o Brasil limpo da corrupção, da improbidade, do Caixa 2 e da propina", disse Hugo. "Hoje, sem dúvida, é a coisa mais entristecedora. Em nenhum País do mundo, com uma tacada só, aponta-se tanta gente envolvida".

Para ele, a República morreu, deixando em todos "interrogações imensas" sobre como será processada a conjunção de reformas propostas. "Como irão votar esses congressistas que estão na mira da Justiça por deformidades comportamentais severas?", questionou.

Discussão

Fernando Hugo apontou que o Brasil precisa urgentemente ser ressuscitado. "A morte da República é a coisa mais emblemática que se pode imaginar. Envergonha-nos. Sem dúvida, chegando nós todos em qualquer paiseco (sic), não ter-se-á coragem de enfrentar discussão porque, de repente, se pode dizer que, no Brasil, um terço está na improbidade, com presidentes do Senado e Câmara inqueritados por decisão da Justiça. A República morreu", repetiu.

Ele destacou que, diante da falência da República, somente a ressuscitação feita pela Justiça poderia reavivar a esperança. "Com que cara poder-se-ão exigir os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados que seus pares tomem postura na hora de votar?", pergunta.

Em aparte, a deputada Silvana Oliveira (PMDB) disse ser necessário que parlamentares combativos trabalhem para que não deixe de existir a crença do que é a verdadeira política. "Estamos passando por um período de limpeza. Esperamos que as investigações aconteçam e os culpados incriminados. Que os culpados saiam da política e deixem apenas aqueles que gostam dela".

Contaminação

O assunto também foi abordado pelo deputado Manoel Santana (PT). Em seu discurso, o petista disse que está sendo revelada a morte do regime político brasileiro. "Regime que surgiu na Constituição de 1988, tendo como objetivo construir uma democracia sólida no País. Esse regime está morto e nós precisamos encontrar saída política para essa crise das instituições".

Santana declarou que todas as instituições estão comprometidas, variando apenas o grau de comprometimento. "É ilusão achar que existe alguém fora dessa contaminação. Não cabe a nós fazermos julgamento antecipado dos nomes que estão na relação, mas é um número muito maior do que foi apresentado. São mais de 320 nomes sob análise". Ele disse que o que se sabe até agora seria apenas a ponta do iceberg.

"As denúncias chegam aos tribunais de contas, ultrapassam o Legislativo e o Executivo e mostram que a política brasileira nasceu contaminada, e que a nossa democracia sempre foi muito frágil", analisou.

"Estamos longe do regime democrático em sua plenitude, como era o desejo de todos, está postada uma falsa democracia onde na maioria das vezes são eleitos os que têm mais dinheiro, compram voto e enganam mais as pessoas, fazendo com que a democracia seja completamente distorcida".

A mudança poderia partir do Congresso Nacional, mas, de acordo com o petista, a atual composição da nossa representação política, tendo, inclusive, presidentes denunciados, não teria legitimidade para fazer qualquer alteração na Constituição brasileira. "O povo brasileiro tem que acordar e cobrar solução". Para ele, a saída seria a realização de eleições diretas e uma nova Constituinte, para refazer a Constituição.

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