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Travesti agredida morre, e caso vai para a DHPP

Diário do Nordeste

13/04/2017

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Herika Izidório era garota de programa há mais de uma década, na Avenida José Bastos. Ela teria se desentendido com uma agenciadora dias antes do crime
Herika Izidório era garota de programa há mais de uma década, na Avenida José Bastos. Ela teria se desentendido com uma agenciadora dias antes do crime

Amigos da vítima afirmam que depois de uma discussão séria, a ex-chefe da vítima a ameaçou de morte.

Brutalmente espancada e arremessada de cima de uma passarela da Avenida José Bastos, em Fortaleza, no dia 12 de fevereiro, a travesti Hérika Izidório, 24, que estava em coma desde o ocorrido, morreu, ontem, por volta das 12h. Internada durante exatos dois meses no Instituto Doutor José Frota (IJF), após ter sido vítima de um crime que segue sem solução, a confirmação da morte da travesti fez com que o caso fosse encaminhado à Divisão de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), especializada em casos de assassinatos com autoria desconhecida.

Na noite de ontem, a vítima, registrada com o nome de Guilherme Castro de Oliveira, foi sepultada sob pedidos de Justiça. Vânia Castro, mãe dela, lembra que a filha foi cruelmente assassinada quando retornava de uma festa de Pré-Carnaval. Para ela, de nada adiantaram os dois meses de sofrimento e de visitas diárias ao IJF, já que os responsáveis pela morte de Hérika permanecem soltos.

"Minha vida foi um desespero nesses dois meses. Até agora a gente não descobriu nada. Meu filho morreu espancado. Nada informado, tudo muito falho. O que fizeram com ele prejudicou a família inteira. Ele era feliz do jeito que era, com a vida que escolheu. Eu quero Justiça pelo meu filho", disse a mãe.

Intimidação

Amigos da travesti acreditam que a morte esteja ligada a uma discussão de dias anteriores ao crime com uma antiga conhecida da vítima. Hérika trabalhava como garota de programa há uma década no entorno da Avenida José Bastos. Aliciada quando ainda era uma adolescente de 14 anos e explorada depois de adulta, por uma mulher que populares afirmam ser conhecida como cafetina.

Por receber uma quantia que considerava desproporcional pelos programas que fazia, Hérika decidiu se desvincular da agenciadora e atuar por conta própria. Ao voltar a morar na casa da mãe, a travesti teria começado a receber ameaças, caso não voltasse a trabalhar com a agenciadora. No intuito de intimidar a vítima, a ex-chefe já teria cobrado dívidas pendentes de, aproximadamente, R$ 300,00.

O valor seria a porcentagem de diárias não pagas à agenciadora. De acordo com amigos de Hérika, o auge da discussão entre as duas foi quando tentaram levar da casa da travesti um aparelho de TV que quitaria a dívida e, para impedir, a vítima deu alguns tapas na agenciadora. Hérika teria sido ameaçada de morte nesse episódio.

"Ela queria ir embora de vez para São Paulo. Fizeram isso para demarcar território e dar uma lição para outras não se desvincularem do trabalho. Existe uma disputa pelo território", contou uma fonte, que optou por não se identificar. Na manhã após o crime, populares contaram ter encontrado a travesti com a fisionomia irreconhecível, em estado grave e a levaram para o IJF.

Investigação

Questionado sobre a sessão de espancamento e a possível participação da cafetina, o diretor da DHPP, delegado Leonardo Barreto, disse que será instaurado um inquérito e as investigações estão no início. "É muito prematuro falar sobre a questão de envolvimento de suspeitos, não temos indicativo de pessoas".

Enquanto Hérika permanecia internada, o caso estava a cargo do 3ºDP (Otávio Bonfim). No local, a reportagem havia sido informada, anteriormente, que a demora em apresentar resultados do caso se deviam, em parte, ao local ermo onde o crime foi praticado. Segundo o investigador, não havia testemunhas, nem imagens registradas por câmeras de monitoramento.

O coordenador de Políticas Públicas para a Diversidade Sexual da Prefeitura de Fortaleza da Secretaria de Cidadania e Direitos Humanos (SCDH), Paulo Diógenes, lembra que o crime precisa ser elucidado e que toda a sociedade merece respostas. "Dois meses e a Polícia não tem nada. Não é o primeiro e nem vai ser o último", disse.


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