Diário do Nordeste
11/04/2017
Em fevereiro, quatro torcedores acompanharam um jogo do Cearense ( Foto: Kid Júnior )
O projeto "Esporte Acessível" fará a inclusão da pessoa cega em eventos esportivos no Ceará.
Representantes de órgãos públicos e privados, idealizadores e os dois maiores clubes do estado - Ceará e Fortaleza - , se reuniram em evento realizado na sede da Procuradoria Geral da República, nessa segunda-feira (10), para assinarem conjuntamente o projeto piloto "Esporte Acessível", que tem como objetivo a inclusão da pessoa cega em eventos esportivos nas praças esportivas do Ceará.
Com foco na acessibilidade, o projeto foi desenvolvido por alunos do MBA em Gestão Empresarial da Pós-graduação da Universidade de Fortaleza (Unifor). A iniciativa é proporcionar a crianças com deficiência visual a cidadania plena.
Em fevereiro deste ano, quatro torcedores mirins tiveram a oportunidade de acompanhar a vitória do Fortaleza por 3 a 0 sobre o Uniclinic pelo Campeonato Cearense. Eles conheceram o gramado, vestiário e entraram junto com o time do Leão a campo, todos uniformizados.
Fazendo a diferença
A fase de implementação do projeto englobará cerca de 80 crianças de 12 a 14 anos que fazem parte da Sociedade de Assistência aos Cegos - conhecida popularmente como Instituto dos Cegos. 25 crianças irão à Arena Castelão, mensalmente, prestigiar um jogo de Ceará ou do Fortaleza. As mesmas entrarão em campo com os jogadores e acompanharão a partida por meio de audiodescrição - uma narração descritiva diferenciada contendo uma gama de detalhes através de equipamentos especiais.
"Cada passo é uma dificuldade imensa, mas a gente vai conseguindo. Quem está de fora não sabe da capacidade da pessoa cega. São pequenas iniciativas como essa que podemos mudar o dia a dia dessas pessoas que têm seus direitos de cidadania cerceados. Espero que no futuro todos estejam incluídos", disse Maria Josélia Sá e Almeida, presidente da Sociedade de Assistência aos Cegos.
Para Raimundo Pinheiro, vice-presidente do Ceará, o avanço nas políticas de inclusão só ocorre com reivindicações. "A sociedade evolui a partir do surgimento de problemas. O Ceará estará sempre disposto para avançar no intuito de conseguir mudanças que melhorem a vida da população", declarou.
O diretor jurídico do Fortaleza, Luiz Eduardo de Salles, também falou da importância do projeto. "Essa iniciativa vai ser importante na inclusão social e na autonomia das pessoas com deficiência visual. Será um aprendizado para todos. O Fortaleza está disposto a ser um desses multiplicadores".
A previsão é que no primeiro jogo da final do Campeonato Cearense, marcada para o dia 30 de abril, as crianças entrem em campo com os jogadores e prestigiem a partida. A intenção é expandir o projeto para todas as praças esportivas do estado. (Colaborou Ideídes Guedes)