Novo presidente do PT depende de discussões

Diário do Nordeste

11/04/2017

Acrísio Sena e aliados, inclusive o presidente estadual da sigla De Assis Diniz, conferem os números da votação, no início da noite de domingo ( FOTO: HELENE SANTOS )

Pela primeira vez, desde o início da era 2000, o comando de Luizianne, sobre o partido na Capital, foi ameaçado.

A executiva estadual do Partido dos Trabalhadores julga, hoje à tarde, recurso apresentado pelo ex-vereador Deodato Ramalho, candidato à presidência do diretório municipal do partido, pedindo anulação da urna da 114ª zona eleitoral utilizada na eleição interna da legenda, realizada no domingo, onde os números não oficiais apontam a vitória do candidato Acrísio Sena, com três votos de diferença.

Em entrevista, ontem, Deodato Ramalho disse que houve interferência de outros políticos fora do PT na eleição. "Não disputamos apenas com as forças internas do partido dos trabalhadores. Disputamos essa eleição, fundamentalmente, com forças externas", aponta. Caso a urna seja anulada, será assegurada sua vitória contra seu ex-colega de bancada municipal, o vereador Acrísio Sena.

De acordo com Deodato, seu grupo obteve provas documentais de que filiados a outras legendas teriam interferido na votação da zona eleitoral 114, localizada na Barra do Ceará. Ele diz que as evidências serão apresentadas hoje em reunião da executiva estadual, convocada extraordinariamente para avaliar o caso. "Nós ganhamos ontem a eleição realizada no partido dos trabalhadores em Fortaleza", diz.

Excepcional

O presidente estadual do partido, o sindicalista De Assis Diniz, declarou em entrevista que, até o momento, o questionamento sobre a urna é o único recurso apresentado no Estado sobre a eleição de domingo. Ele afirma que não há nada de excepcional na reunião de hoje. "Será uma reunião normal da Executiva", declara. O dirigente também minimiza a possibilidade de que a polêmica possa levar a um acirramento da disputa interna do partido. "Isso é absolutamente normal dentro do PT", diz.

Acrísio Sena, em discurso proferido ao fim da apuração, domingo, disse que o caso apresentado pelos adversários não havia sido registrado em ata. Ele apresentou fotos de um documento em branco que afirmou serem da zona eleitoral 114. O vereador atribuiu o resultado na área a uma atuação que seu grupo político tem na região junto ao movimento em defesa de moradia. Elmano de Freitas, entretanto, afirmou durante a entrevista coletiva que a zona 114 não tem uma ata. "Todas as urnas têm ata, só essa urna que não", diz.

De acordo com Acrísio, o resultado de domingo foi de vitória. Ele diz que, através dos boletins das urnas, é possível apontar a sua vitória por três votos de diferença, tendo conquistado 1.509 votos, contra 1.506 de seu ex-colega de bancada municipal. "Para nós, o resultado da urna nos dá a vitória", afirma.

A eleição de domingo confrontou duas propostas sobre a atuação do PT em Fortaleza. Deodato defendeu a manutenção do partido na oposição ao prefeito Roberto Cláudio (PDT). De acordo com ele, o partido recebeu votos de oposição na última disputa municipal e assim deve agir durante a atual gestão.

Apoiadores

Acrísio, por outro lado, apoia o diálogo, afirmando que PT, PDT e PCdoB são aliados em nível federal e estadual e que uma aproximação seria importante para a construção de um palanque forte para a disputa de 2018, tanto para uma nova candidatura do ex-presidente Lula quanto para a reeleição do governador Camilo Santana, ambos do PT.

A candidatura de Acrísio tinha a simpatia do governador Camilo Santana, enquanto a de Deodato Ramalho era apoiada pela ex-prefeita de Fortaleza e deputada federal Luizianne Lins, juntamente com o senador José Pimentel, ambos adversários de Camilo Santana por conta de sua ligação com o grupo político de Cid Gomes (PDT).

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