Capital e RMF superam meta do aumento de vazão da água

Diário do Nordeste

22/03/2017

Equipes fiscalizaram 143 mil imóveis. Se algum usuário for autuado responde pelo crime de furto e está sujeito à reclusão de dois a oito anos ( Foto: Nah Jereissati )

O objetivo era recuperar 200 litros por segundo até março. As ações da Cagece resultaram no incremento de 212 l/s.

As operações de combate às perdas de água realizadas pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), dentre fraudes e bloqueio de vazamentos, já resultaram na recuperação de 212 litros por segundo da rede de distribuição. O número ultrapassa a meta estipulada pelo Plano de Segurança Hídrica da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), implementado em agosto de 2016, cujo objetivo era propiciar um incremento de 200 l/s na vazão de Fortaleza e da RMF até março deste ano.

Os dados do órgão indicam que, desde a implantação do Plano, cerca de 143 mil imóveis foram fiscalizados em todo o Estado. Desse total, 12,5 mil tiveram fraudes identificadas, com desvio da passagem de água ou alteração da medição de consumo. Segundo Gentil Maia, gerente da Unidade de Negócios da Cagece, os casos são mapeados em todos as regionais da Capital e RMF, mas são mais comuns em áreas periféricas ou invadidas.

"As fraudes acontecem desde o rico até o pobre. Algumas são mais simples, outras bem sofisticadas. O importante é que as ações mostraram que 212 litros de água por segundo deixam de ser furtados, e isso é muita coisa", explica o gerente. Segundo ele, embora algumas visitas tenham contado com apoio das forças de segurança, não culminaram em prisões porque tinham caráter educativo.

Contudo, reforça que um convênio vem sendo estudado entre Cagece e Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) para que a Polícia acompanhe as equipes de fiscalização, no intuito de realizar flagrantes de irregularidades. Se algum usuário for autuado responde pelo crime de furto e está sujeito à reclusão de dois a oito anos.

Quando a infração é comprovada, a Companhia interrompe o fornecimento de água no prédio e notifica o cliente, que deve pagar multa para restabelecer a ligação de água. Se a situação for regularizada voluntariamente, ele evita um processo de cobrança judicial. Até março deste ano, 8,2 mil clientes antes irregulares tiveram situação normalizada junto à Cagece. Além de possíveis sanções penais, o órgão esclarece que as ligações clandestinas podem gerar vazamentos e perda de pressão na rede, levando à falta de água; já os "gatos" podem ocasionar infiltrações e comprometer a estrutura dos imóveis.

Cobrança

Os furtos na rede de distribuição de água têm, além de impactos ambientais, sociais. "São situações que acontecem no Brasil como um todo: quando alguém rouba, o resto paga. Alguém está pagando pelo serviço de disponibilidade da água para todo mundo", aponta Marco Aurélio Holanda, professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Universidade Federal do Ceará (UFC).

O especialista defende que uma medida eficiente para reduzir o desperdício é a cobrança individualizada da conta de água por unidade domiciliar. "Em Fortaleza, ainda existem prédios que possuem o registro geral. Então, o condomínio acaba pagando a conta de todo mundo, mas alguns moradores acham que a água é gratuita e não ligam para o gasto", explica.

Para ele, se um hidrômetro fosse instalado em cada apartamento, as pessoas dariam mais atenção ao consumo. Marco Aurélio lembra, ainda, que a Companhia precisa ser mais eficiente na tentativa de diminuir vazamentos na rede de distribuição.

Um caso recente ocorreu na Rua Tomás Gonzaga, no bairro Cristo Redentor. Segundo Ednardo Júnior, morador do bairro, na madrugada da última segunda (20), um cano da rua estourou e alagou a via. O fornecimento de água foi suspenso durante a maior parte do dia. A Cagece prometeu retorno em até dois dias úteis, mas a distribuição foi restabelecida à noite.

Denúncia

A Companhia pede o apoio da população para denunciar fraudes de água e ocorrências de vazamentos por meio dos canais de comunicação disponíveis: o aplicativo Cagece Mobile, para smartphones; a Central de Atendimento Telefônico (0800.275.0195); o Chat Online disponível no portal online ou através das redes sociais. O órgão alerta que somente funcionários identificados com crachá e uniforme estão autorizados a realizar manutenção, vistoria e outros serviços. (Colaborou Nicolas Paulino).

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