Diário do Nordeste
16/03/2017
Segundo os organizadores, cerca de 20 mil pessoas participaram do protesto. Os manifestantes seguiram em caminhada pelo Centro gritando palavras de ordem também contra as reformas trabalhistas e do En
O ato unificado reuniu categorias de diferentes centrais sindicais e movimentos sociais no Centro de Fortaleza.
O ato intitulado 'Dia Nacional de Lutas', parte do protesto de profissionais de diversas categorias contra a reforma da Previdência proposta pelo Governo Federal, movimentou o Centro de Fortaleza na manhã de ontem, com concentração na Praça Clóvis Beviláqua (Praça da Bandeira) e caminhada pelas principais ruas do bairro. Vias foram bloqueadas para a passagem dos manifestantes, diversos estabelecimentos comerciais baixaram as portas e veículos do transporte público foram depredados.
Por volta das 8h, pelo menos 30 ônibus municipais da Capital e intermunicipais de Caucaia, Maracanaú e Maranguape tiveram pneus furados e retrovisores quebrados ao longo da Avenida Imperador, próximo à Avenida Domingos Olímpio, por manifestantes que seguiam a pé para a principal manifestação do Dia Nacional de Luta contra a Reforma da Previdência, realizada na Praça da Bandeira.
"Eu precisava chegar cedo no trabalho, mas não vou conseguir por causa disso. Eles dizem que defendem o trabalhador, mas impedem a gente de trabalhar", lamentou a assistente administrativa Renata Gones, 25. Na Avenida Imperador, somente carros menores e motocicletas conseguiram seguir viagem, não sem antes serem abordados por participantes do movimento. "Acho o protesto importante, mas não podem interferir no direito da gente de ir e vir", reclamou o empresário Augusto Rocha, 38, que ficou preso no trânsito da Avenida.
No local, estavam manifestantes vinculados à Central Sindical e Popular (CSP-Conlutas), ao Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do Ceará (Sintro), ao Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Transportes Rodoviários de Passageiros Intermunicipal e Interestadual no Estado do Ceará (Sinteti) e ao Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Gráficas do Ceará (Sintigrace). Uma equipe motorizada da Polícia Militar percorreu a via em busca das pessoas que furaram os pneus.
Caminhada
O ato unificado reuniu categorias de diferentes centrais sindicais, entidades e movimentos, como Frente Brasil Popular Ceará, Frente Povo sem Medo, Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil (CTB) e Intersindical. Segundo a organização geral do evento, cerca de 20 mil pessoas participaram do protesto.
Os manifestantes seguiram em caminhada pelo Centro gritando palavras de ordem também contra as reformas trabalhistas e do Ensino Médio. Ao longo do trajeto, as vias do Centro foram bloqueadas para a passagem dos carros de som e dos manifestantes; muitos estabelecimentos comerciais baixaram as portas para "impedir saques", como relataram alguns funcionários. O ato foi encerrado por volta das 11h30, em frente à agência do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) da Rua Pedro Pereira. Sobre o prédio da entidade, foram estendidas duas faixas com as frases: "Temer sai, Previdência fica".
"Os trabalhadores estão na rua dando um recado muito claro: essa reforma da Previdência é um desmonte das leis trabalhistas trazendo um prejuízo sem tamanho", destacou o presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará, Carlos Eduardo Bezerra. Para ele, os projetos precisam ser debatidos com a sociedade e não serem arbitrariedades de um Governo "que não foi eleito nas urnas". Segundo Bezerra, novos atos devem ser organizadas para pressionar os parlamentares do Congresso Nacional e evitar a aprovação da reforma.
Ainda como parte do ato, haverá debate com especialistas sobre a reforma da Previdência, às 17h, no auditório do IFCE Campus Fortaleza (Av. 13 de Maio, 2081, Benfica), atividade aberta a todos os interessados.
O encontro reuniu dois dos maiores especialistas no tema em todo o País: a economista e professora Rosa Maria Marques, titular da PUC-SP e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Economia Política, e o economista e vice-presidente do Sindifisco Nacional DS/Ceará Marcelo Lettieri.
A reunião foi transmitida ao vivo pela rede social Facebook. O Sindsif-CE afirma que vem alertando a categoria, inclusive em rodada de reuniões nos diversos campi da Instituição, quanto aos enormes riscos da reforma da Previdência e à necessidade de ampla mobilização e luta para derrotar a proposta no Congresso Nacional.
(Colaborou Nícolas Paulino)