Cinco pessoas aparecem no vídeo que registrou a travesti Dandara dos Santos sendo agredida (Foto: Reprodução/Youtube)
A irmã de Dandara, Sônia Maria, relatou que a irmã era muito querida por todos e não deixava de fazer um favor sequer para as pessoas. Sônia afirmou que Dandara sempre era vítima de preconceito. “Ela nunca dizia um não. Ela podia estar cansada, mas era sempre prestativa. Para onde a gente pedia para ela ir, ela ia. Ela nunca dizia um não. Sobre os preconceitos, ela foi para o Bairro Jurema e uns cara bateram nela. Ela foi até para o hospital”, disse.
Quanto à denúncia sobre a demora no atendimento da polícia, a secretaria da Segurança informou que, sem o número do telefone, não é possível fazer o rastreamento das ligações pra saber se a informação da testemunha é verídica.
Prisão de suspeitos
Quatro pessoas foram presas na manhã desta terça-feira (7) por suspeita de envolvimento na morte de Dandara que foi espancada até a morte e teve as agressões filmadas. A informação foi divulgada pelo secretário da Segurança e Defesa Social do Ceará (SSPDS), André Costa, em uma rede social.
A operação aconteceu no Bairro Bom Jardim, onde o crime aconteceu. De acordo com o titular da SSPDS, foram quatro presos, sendo três que aparecem no vídeo que circulou na internet e um que participou da filmagem. A SSPDS informou que mais informações sobre a operação serão divulgadas em coletiva nesta terça-feira às 15 horas.
"Atos como desses covardes e vagabundos não são admitidos por nenhum cidadão de bem nem pela polícia. Precisamos de mais educação e orientação às pessoas, que aprendam a respeitar o próximo. A intolerância só gera consequências ruins. O povo cearense merece essa resposta e uma política de proteção às minorias", declarou André.
Participam das investigações da Polícia Civil, responsável pelas prisões, o 32º Distrito Policial (DP), 12º DP e Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA). A operação no Bom Jardim teve apoio da PM, Corpo de Bombeiros. Um helicóptero da Ciopaer também foi utilizado.
Ainda na postagem, o secretário disse que "todo atentado contra a vida é um crime hediondo, mas pior ainda quando é motivado pelo ódio e preconceito, por conta de orientação sexual, raça, cor, idade ou sexo".
Caso Dandara
O crime aconteceu no dia 15 de fevereiro, no Bairro Bom Jardim, e ganhou repercussão nas redes sociais após o compartilhamento do vídeo que mostra a travesti sendo agredida por um grupo no meio da rua.
O vídeo, gravado por uma pessoa que está com o grupo de agressores, mostra parte da violência. A gravação tem 1 minuto e 20 segundos e termina quando os suspeitos colocam a vítima no carrinho de mão, após agressões com chutes, chinelo, pedaços de madeira, e descem a rua. Segundo a polícia, depois dessa gravação, o grupo espancou a travesti até a morte.
O governo do Ceará emitiu uma nota de repúdio em relação aos "atos de violência e intolerância como o que praticado contra Dandara dos Santos", morta por brutal espancamento". Uma reunião está prevista para ocorrer na tarde desta terça-feira. De acordo com o governador Camilo Santana, o objetivo é discutir a criação de políticas públicas.