Guilherme Paiva
23/02/2017
Na manhã de terça-feira, 21, o Sinpol Ceará realizou uma visita à Delegacia Regional de Russas, localizada na região do Jaguaribe, e encontrou uma situação crítica de manutenção de presos: mulheres e menores de idade, em situações desumanas, dividindo o mesmo espaço nas delegacias com homens. O sindicato já havia feito denúncias a respeito dessa situação há alguns anos, mas nada mudou.
"A situação é bastante difícil. Encontramos duas mulheres autuadas por tráfico de drogas, sem antecedentes, algemadas em pé nas grades", comenta Francisco Lucas de Oliveira, presidente do Sinpol Ceará. De acordo com ele, a informação é de que a cadeia pública está interditada. "Esse é um dos motivos da visita: falar com o poder judiciário para verificar essa situação ou interditar essa delegacia, uma vez que lugar de preso não é em delegacia", pontua.
Ainda na delegacia, o sindicato encontrou um menor de idade e xadrezes lotados, cada um contendo cinco presos que estão no local há mais de quatro meses. A prática coloca em risco não apenas os profissionais de segurança responsáveis pelo espaço, mas toda a sociedade, uma vez que a situação é suscetível a fugas e resgates de presos. De acordo com Lucas, a situação está presente em todo o interior do estado.
"Essa situação é de conhecimento do Ministério Público, do Poder Judiciário. Inclusive foi movida, no fim do ano passado, uma ação civil pública para proibir a permanência de presos na Delegacia Regional de Russas. O delegado também tem feito constantes provocações ao poder Judiciário, solicitando a retirada desses presos. Porém, há essa questão da interdição da cadeia pública, deixando as delegacias nessa situação", finaliza o presidente do sindicato.
O Sinpol Ceará vai encaminhar essa denúncia à Secretaria Especial de Direitos Humanos, vinculada ao gabinete da Presidência da República, para a devida apuração de responsabilidades.