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CVTs amargam redução de receita

Diário do nordeste

12/02/2017

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Os Centros Vocacionais Tecnológicos (CVTs) foram implantados no Ceará na segunda metade da década de 1990, para atender pessoas de baixa renda com a oferta de cursos profissionalizantes gratuitos voltados para aqueles que pararam de estudar ou que concluíram o Ensino Médio regular e necessitavam de conhecimentos técnicos.

"O nosso objetivo era atender pessoas pobres. No Ceará existem cerca de três milhões de analfabetos funcionais, que precisam ter acesso ao conhecimento com cursos de capacitação tecnológica em linguagem apropriada para aprenderem algum ofício", disse Ariosto Holanda.

Logo se espalharam e chegaram a 38 cidades. O projeto tornou-se modelo para outros Estados. Duas décadas depois, essas unidades amargam queda no orçamento, deficiência nas estrutura física e redução na oferta de cursos.

Em 2016, o contrato de gestão do governo do Estado com o Instituto Centec, que mantém os CVTs, foi reduzido para R$ 15 milhões e, neste ano, cortado em 15%. Dos R$ 13,6 milhões mantidos para 2017, são destinados aos CVTs R$ 5 milhões; R$ 1,2 milhão para os três CVTECs, que mantêm cursos de nível técnico e R$ 3,3 milhões para as duas Faculdades de Tecnologia Centec (Fatec) de Juazeiro do Norte e Quixeramobim.

O corte de 15% foi determinado pelo governo do Estado para todas as Organizações Sociais (OS), segundo informou o titular da Secretaria de Ciência e Tecnologia (Secitece), Inácio Arruda. No própria Órgão, o corte foi de 25%.

O secretário informou que o governo tem uma compreensão de que o papel dos CVTs no Ceará já foi cumprido e que parte de suas atribuições foi absorvida pelas Escolas Estaduais de Educação Profissional (EEEP), com 116 já implantadas. Mais 15 estão programadas para este ano. As EEEP contam, em 2017, com orçamento de mais de R$ 70 milhões, até outubro. Dos 38 CVTs do Centec, dois não funcionam.

Problemas

O CVT de Quixadá, implantado em 2000, está sendo desativado. Para o coordenador da unidade, Ildebrando Lima, não há falta de interesse. "Jovens aparecem todos os dias à procura de uma oportunidade para se capacitarem, nas áreas de Eletricidade e Hidráulica para a Construção Civil e Mecânica para Motocicletas", frisou Lima.

A situação de Quixadá é peculiar, pois a direção da Faculdade de Educação do Sertão Central, unidade de ensino da Uece, estaria exigindo a entrega do espaço do CVT, segundo Lima. "É um anexo e existem muitas salas de aula vazias", acrescentou.

O eletricista predial e industrial Fernando Cosmo Leite, 26, fez curso de instalação básica em 2003. "Nunca mais faltou trabalho", frisou. A mesma sorte não teve a dona de casa Ana Lúcia Martins, que percorreu mais de 20Km, de Choró a Quixadá, na esperança de se inscrever no curso de Mecânica de Motocicletas. Esse é o ofício do marido. "Ele está acidentado e não pode atender os clientes", contou. Da pequena oficina vem o sustento da família, que tem quatro filhos. "Queria aprender pelo menos o básico", lamentou.

Pleno funcionamento

No Norte do Estado, os CVTs estão funcionando. Em Amontada e Massapê a oferta de cursos permanece regular. A maioria da demanda é oriunda da zona rural. "Nosso público-alvo é aquela pessoa que não tem renda suficiente para investir em cursos e cerca de 30% conseguem emprego na indústria ou comércio em Sobral", afirmou o coordenador da unidade de Massapê, Juscelino Lourenço. O CVT de Santa Quitéria aguarda determinação do Centec para montar a grade de cursos a serem oferecidos neste ano.

O mesmo ocorre no CVTEC do Crato, na região do Cariri. Segundo o coordenador, Sangielo Cruz, em março será aberta nova grade de cursos e, em meados de maio, terá início o curso de Técnico de Cozinha, um dos que possuem maior demanda.

Na região Centro-Sul do Ceará, há CVTs em Iguatu, Orós, Icó e Jucás, que enfrentam um quadro de escassez de servidores, técnicos instrutores de curso, mas que estão na expectativa de retomada da oferta de cursos técnicos para o decorrer deste ano. O CVT de Orós foi primeiro a ser instalado no Ceará, mas há dois anos não oferta curso. "Aqui sou eu e eu, sem poder oferecer curso na área de Piscicultura, que é a minha especialidade, porque o Açude Orós está secando", disse o coordenador da unidade, Paulo Landim.

Na cidade histórica de Icó, o CVT oferece cursos com regularidade. A meta para este ano é atender mais de 400 alunos. Em Iguatu, o CVT mudou-se no mês passado para o Campus Multi-institucional, que abriga as instituições de ensino superior: Uece e Urca. "Agora estamos no céu. A partir da próxima semana vamos ofertar cursos", disse a coordenadora local, Cláudia Pereira.

O coordenador do CVT de Jucás, Hugo Lavor, disse que o imóvel está passando por um serviço de restauração em parceria com a Prefeitura e o Centec porque portas e telhado estão deteriorados e os cursos vão começar ainda neste mês, graças à parceria com o Município.

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