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Lava-Jato deve chegar aos demais estados brasileiros

Diário do Nordeste

07/02/2017

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Para Uribam Xavier, é preciso acabar com os privilégios dos políticos nos julgamentos das ações ( Foto: Kiko Silva )
Para Uribam Xavier, é preciso acabar com os privilégios dos políticos nos julgamentos das ações ( Foto: Kiko Silva )

Em entrevista ao UOL, recentemente, o procurador federal Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa da Operação Lava-Jato, afirmou que acordos de delação premiada da Odebrecht devem revelar casos de corrupção em vários Estados do País ligados a políticos de diversos partidos.

Questionado sobre a possibilidade de haver relação entre a Lava-Jato e a crise econômica, disse que preferia não polemizar, mas colocou que estudos internacionais apontam que quanto maiores os índices de corrupção em um país, menores são seus índices de desenvolvimento econômico e social. "Isso mostra que, se nós queremos um País melhor, só há uma saída: reduzir os índices de corrupção. O juiz Sérgio Moro diz que não podemos culpar o investigador por ter encontrado o cadáver", defendeu Dallagnol.

O Diário do Nordeste ouviu especialistas a respeito dos desdobramentos da Lava-Jato e suas repercussões nos estados brasileiros. Para Maurício Santoro, cientista político e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, até agora as investigações da Odebrecht já provocaram grandes estragos nas cúpulas partidárias do PT, do PMDB e do PP, além de denúncias envolvendo outras siglas expressivas, como o PSDB.

"É o coração do sistema partidário criado desde a redemocratização. Os crimes precisam ser investigados e punidos, mas o risco é que o colapso do centro abra caminho para a radicalização ideológica, com a ascensão de líderes populistas que aproveitem a indignação da população, a exemplo do que estamos vendo nos EUA e na Europa", avalia.

No entanto, ele acredita que, economicamente, há riscos para estados como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, que podem não conseguir negociar socorro financeiro com Brasília para escapar da crise fiscal. "E para estados como Amazonas, Rio Grande do Norte e Roraima, a ameaça é o colapso na segurança pública, pois a guerra entre facções também tem exigido ajuda federal, com envio das forças armadas ou da força nacional. O caos político no governo central pode dificultar ou impedir esse auxílio".

Riscos

William Nozaki, economista, cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, aponta que o combate à corrupção é necessário no Brasil, desde que se compreenda a corrupção não como um problema moral deste ou daquele partido, desta ou daquela figura, mas como um problema sistêmico que afeta toda a relação entre Estado e mercado no País. "A questão que fica é se será possível acabar com a corrupção sem inviabilizar o crescimento econômico. Ou, se é possível retomar o crescimento econômico sem reiterar a corrupção".

Por sua vez, Uribam Xavier, professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará, chama atenção para a necessidade de que seja feita uma reflexão profunda sobre o atual cenário nacional. "Sempre foi dito no Brasil que político não ia para a cadeia. Hoje parece que há uma reviravolta quando vemos não só políticos, mas principalmente grandes empresários".

Ele defende também que haja questionamento quanto ao chamado foro privilegiado, especialmente no que diz respeito a casos de corrupção. "Tem que acabar com essa ferramenta que faz com que um grande número de empresários vá preso enquanto o de políticos é bem menor".

Questionado sobre a possibilidade de riscos mínimos à democracia brasileira quando a sociedade passa a desacreditar em seus representantes legais e lideranças políticas com nomes limpos estejam cada vez mais escassos, Uribam Xavier é categórico ao afirmar que a democracia é algo que já foi perdido com o passar do tempo.

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