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Mortes e tumultos são registrados na CPLL IV

Diário do nordeste

10/01/2017

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Depois das transferências de detentos entre as unidades dos Complexos Penitenciários da Região Metropolitana de Fortaleza, já ocorreram três mortes (duas delas no último sábado) e alguns tumultos, na Casa de Privação Provisória de Liberdade Agente Elias Alves da Silva (CPPL IV). A confusão mais recente se deu, na manhã de ontem, quando os internos seguiram em direção à Rua D, tentando invadir o local onde estaria parte das pessoas 'decretadas de morte' que estão na Penitenciária.

De acordo com os relatos de familiares, os estupradores eram colocados na 'Rua dos Irmãos' por questão de segurança. A Rua D recebe este nome, porque é lá que são custodiados os evangélicos. Como a incidência de confusões e brigas no local é baixa, a direção da unidade mantém os estupradores nesta ala, considerada mais tranquila.

No entanto, como a tensão aumentou na Penitenciária, os detentos que não aderiram a nenhuma facção, chamados de 'massa', também foram levados para a 'Rua dos Irmãos'. "Eu não entendo como é que eles ainda dizem que transferem para que os presos fiquem mais seguros, se mandam para a rua dos 'decretados'. Se esses já não aderem à facção para ficar longe da confusão, que sentido faz colocar junto dos que vão morrer na hora que a cadeia quebrar?", interrogou a esposa de um preso, enquanto falava ao celular com o marido que está na Rua D.

No último sábado, dois presos morreram na mesma Penitenciária. A Sejus informou, por meio de nota, que Francisco Gilliard André da Silva e Leonardo de Sousa Mesquita foram retirados da vivência pelos agentes penitenciários ainda com vida, mas não resistiram. A Secretaria informou, também, que a suspeita é que eles tenham sido vítimas de overdose.

Porém, um advogado que representa presos custodiados na unidade disse que as mortes não podem ser dadas como overdose simplesmente, porque a ingestão da droga é forçada. Segundo o criminalista, que preferiu não se identificar, os detentos são obrigados a ingerir um coquetel feito de cocaína e crack, adicionado de desinfetante.

"É uma overdose do ponto de vista clínico, mas é uma morte violenta do ponto de vista legal. Algumas vezes, os detentos que já são muito altos na hierarquia da cadeia ordenam mesmo as mortes, sem se importar se vão responder por elas. Nesses casos ocorrem os espancamentos, as mortes por arma branca. Já essas overdoses são ordenadas por quem não quer se responsabilizar e descobriu essa forma de matar, sem que investiguem", afirmou o advogado.

Na última sexta-feira (6), Roberto Pereira de Souza, havia sido morto, também na CPPL IV. Ele teve a cabeça, os olhos e dentes arrancados. A Sejus não deu detalhes da motivação. Conforme a Pasta, "os agentes penitenciários retiraram o corpo de Roberto Pereira, que apresentava muitas marcas de lesão".

Facções

Segundo o advogado que conversou com a reportagem, os três presos mortos fazem parte da facção Guardiões do Estado (GDE) e teriam sido executados a mando do Comando Vermelho (CV), mesmo as organizações criminosas sendo aliadas.

"O que importa para o CV é a venda da droga. Então, se alguém delata algum comparsa, fica devendo, passa informação para a Polícia ou para o traficante rival eles eliminam. E quem se alia a eles sabe disto. Faz parte da ideologia deles. Já o Primeiro Comando da Capital (PCC) tem um caráter mais politizado, funciona como uma empresa que tem muitos negócios e trata cada um deles de forma diferente. É muito difícil ordenarem mortes", explicou o criminalista.

A Sejus informou que as mortes do último sábado serão investigadas pela autoridade policial, assim como ocorre com todos os óbitos registrados dentro das unidades prisionais. Segundo a Pasta, ainda na noite de sábado, a Delegacia de Homicídios (DHPP) e a Perícia Forense (Pefoce) estiveram na Casa de Privação Provisória para os procedimentos necessários.

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