Diário do nordeste
04/01/2017
Adolescentes de 12 a 13 anos, de ambos os sexo, já podem se vacinar gratuitamente contra meningite nos postos de saúde de Fortaleza. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a ampliação da cobertura da vacina meningocócica C é um reforço na proteção desse grupo. A inclusão do novo grupo está em vigor desde 1º de janeiro.
Em Fortaleza, no ano de 2016 foram registrados 7 casos de meningite C que ocasionaram duas mortes, além de 85 casos sendo 1 óbito, de outros tipos da enfermidade. Os números são da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), por meio do Núcleo de Vigilância Epidemiológica da Coordenadoria de Promoção e Proteção à Saúde.
De acordo com a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde (PNI), Carla Domingues, o reforço nas vacinas contra a meningite não é consequência de um novo surto, mas de uma ampliação da cobertura de vacinação de um grupo que até então não havia sido contemplado. "Adicionamos esse grupo para receber a vacina porque houve estudos recentes que comprovaram que as vacinas contra a meningite, com o passar dos anos, vão perdendo o poder de imunização. Essa nova etapa contemplará aqueles que nunca receberam a vacina e também os que já receberam a vacina ainda na infância".
A coordenadora acrescenta que cerca de 3 milhões de crianças são vacinadas contra meningite, e o Ministério da Saúde projeta que 7,2 milhões de adolescentes, entre 12 e 13 anos, ainda não receberam a imunização.
"Temos um grande desafio de conseguir contemplar todos os grupos etários. Iniciamos com os grupos mais susceptíveis a doença. A cobertura meningocócica C acaba sendo uma das principais vacinas porque é a doença que há uma maior proliferação, entre nós, comparada as demais", complementa a gestora.
Além do reforço da imunização contra a meningite entre adolescentes, a SMS também implantou mudanças nas vacinas contra o Human Papiloma Vírus (HPV) para meninos de 12 e 13 anos, seguindo determinação do Ministério da Saúde, que adquiriu seis milhões de doses para vacinar 3,6 milhões de meninos em 2017 em todo o País. A vacina será aplicada em duas doses, num intervalo de seis meses da primeira para a segunda.
A decisão de ampliar a vacinação para o sexo masculino está de acordo com as recomendações das Sociedades Brasileiras de Pediatria, Imunologia, Obstetrícia e Ginecologia, além de DST/AIDS e do mais importante órgão consultivo de imunização dos Estados Unidos, o Advisory Committee on Imunization Practices (sigla em inglês). A estratégia tem como objetivo proteger contra os cânceres de pênis, garganta e ânus, doenças que estão diretamente relacionadas ao HPV. A definição da faixa-etária visa proteger as crianças antes do início da vida sexual e, portanto, antes do contato com o vírus.
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil é o primeiro país da América do Sul e o sétimo do mundo a oferecer a vacina contra o HPV para meninos em programas nacionais de imunizações. A faixa-etária será ampliada, gradativamente, até 2020, quando serão incluídos os meninos com 9 anos até 13 anos.
A vacina disponibilizada para os meninos é a quadrivalente, que já é oferecida desde 2014 pelo SUS para as meninas. Confere proteção contra quatro subtipos do vírus HPV (6, 11, 16 e 18), com 98% de eficácia para quem segue corretamente o esquema vacinal. Os cânceres de garganta e de boca são o 6º tipo de câncer no mundo, muitos resultantes de infecção pelo HPV, com 400 mil casos ao ano e 230 mil mortes. Além disso, mais de 90% dos casos de câncer anal também são atribuíveis ao HPV.
Duas doses
Já para as meninas, continua sendo ofertada na faixa etária de 9 anos. Entretanto, as meninas até 14 anos que ainda não receberam as doses também deverão ser vacinadas com o mesmo esquema de duas doses. As pessoas convivendo com HIV/Aids, na faixa etária de 9 a 26 anos (homens e mulheres), também poderão procurar os postos de saúde, em um esquema de três doses (zero, 2 e 6 meses).
Até 2016, a faixa etária para o público feminino era de 9 a 13 anos. Desde a incorporação da vacina no Calendário Nacional, em 2014, já foram imunizadas 5,7 milhões de meninas com a segunda dose, completando o esquema vacinal. Este quantitativo corresponde a 46% do total.
Para a coordenadora de Imunização da SMS, Vanessa Soldatelli, as mudanças chegam para garantir uma proteção maior da população. "O programa de imunizações é um dos que mais avança dentro do SUS, garantindo maior proteção contra diversos tipos de câncer, reduzindo as chances de homens e mulheres desenvolverem doenças".
SAIBA MAIS
Meningite: é uma inflamação nas membranas que envolvem o cérebro; é transmitida por via respiratória.
Transmissão: ocorre de uma pessoa para outra pela secreção respiratória (gotículas de saliva, espirro e tosse).
HPV: vírus que provoca lesões na pele e nas mucosas. Há mais de cem tipos, e a maioria é inofensivo.
Transmissão: sexo vaginal e anal com penetração; sexo oral; carícias íntimas que envolvem contato com a mucosa vaginal, peniana e anal; de mãe para filho durante o parto.