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Pelo menos 50 militares serão candidatos no CE

Diário do Nordeste

09/08/2016

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Pelo menos 50 representantes da Polícia Militar (PM) e do Corpo de Bombeiros, entre soldados, cabos e oficiais, serão candidatos a cargos majoritários ou proporcionais, nas eleições de outubro próximo, em vários municípios cearenses. Em pleitos anteriores, candidatos que tiveram como principal bandeira de campanha a Segurança Pública obtiveram votações expressivas em Fortaleza, caso, por exemplo, do Capitão Wagner (PR), quando disputou uma vaga na Câmara Municipal de Fortaleza em 2012, e na Assembleia Legislativa em 2014, e Cabo Sabino (PR) e Moroni Torgan (DEM), ambos eleitos para a Câmara Federal também em 2014.

O número de postulantes militares é de um levantamento preliminar realizado pela Associação dos Cabos e Soldados Militares do Ceará. "Aguardamos a publicação no Boletim Interno da Polícia Militar para termos um número real de quantos pediram afastamento para se candidatar, mas supera 50, entre as duas categorias", afirma o presidente da Associação, sargento Eliziano Queiroz. "Em nível de Estado são muitos os candidatos. Os nossos dados serão confrontados com os da Polícia para que possamos chegar a um número real", diz.

De acordo com o tenente-coronel BM Homero, presidente da Associação dos Oficiais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará, somente oficiais pré-candidatos, em Fortaleza, são cerca de cinco, e no Interior, mais três.

Prefeitura da Capital

Na Capital, para os cargos majoritários, há a candidatura de Capitão Wagner ao cargo de prefeito, Moroni foi escolhido vice na chapa com o atual prefeito Roberto Cláudio (PDT) e Nina Carvalho, presidente da Associação das Esposas dos Policiais Militares do Ceará, concorrerá como vice de Ronaldo Martins (PRB). Nina ficou conhecida no meio policial após liderar movimentos por melhores condições de trabalho aos PMs no Ceará.

Segundo Eliziano Queiroz, a cada pleito cresce a participação de militares porque a categoria amadureceu no processo político e as demandas da classe estão sendo solucionadas com a representação política tanto nas Câmaras Municipais, quanto na Câmara Federal e na Assembleia Legislativa. "Não diria que a violência nas ruas seja propulsora, posto que diz mais respeito às leis que são fracas e favorecem a impunidade", opina.

Aqueles que pretendem se candidatar a cargos eletivos devem, dado o risco de ficarem inelegíveis, ter respeitado os prazos de desincompatibilização. No caso dos policiais militares, precisariam se afastar dos cargos três meses antes da eleição.

Fenômeno

Para a cientista política Adelita Carleial, professora aposentada dos cursos de Ciências Sociais da Universidade Estadual do Ceará, há, atualmente, uma situação de crise que submete a população a propostas de "salvadores da Pátria". "Estamos vivendo em um mundo que já não é o mundo de Fortaleza, do Ceará ou do Brasil, mas um mundo globalizado que enfrenta situações de violência. E nessas horas é comum o surgimento de pessoas que se colocam como protetoras".

Ela pondera, no entanto, que o discurso em torno da Segurança Pública não deve vir com "promessas de soluções mágicas". "Tem policial que, mesmo conhecendo a realidade, discute a violência como se fosse algo pontual, fácil de resolver e, quando é eleito, não consegue suprir a expectativa que criou", afirma.

A professora Elza Maria Franco Braga, pós-doutora em Ciências Políticas pela Universidade Federal do Ceará, atribui o crescimento da participação de agentes de segurança em campanhas eleitorais a dois fatores: o momento de insegurança que a população vive e o expressivo desgaste do segmento político. A escolha por candidatos da categoria, para ela, parte principalmente do segmento social menos politizado, composto por eleitores da periferia. "No imaginário das pessoas, os militares são os mais éticos, o que nem sempre é verdade. Mas há esse misticismo com a figura militar".

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