Diário do Nordeste
08/08/2016
No mês em que as águas do Rio São Francisco deveriam estar chegando ao Ceará por meio da transposição - cujo atraso nas obras adiou essa data para janeiro de 2017-, o Governo do Estado começa a colocar em prática o Plano de Convivência com a Seca para Fortaleza e Região Metropolitana, tendo como uma das primeiras ações o aumento da fiscalização contra fraudes que causam perda de água, que se iniciam hoje, por meio de equipes da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece).
O desperdício, inclusive, é um dos maiores desafios enfrentados pelo governo, especialmente no ano em que o Estado, segundo o governador Camilo Santana, tem a menor quantidade histórica de água armazenada em açudes e mananciais.
"Essa vai ser a fase mais difícil para o Ceará, até o próximo inverno. Nós vamos fazer um grande esforço, economizar água, não desperdiçar. Esse é momento da gente cuidar, porque senão, pelo menos em janeiro, fevereiro e março, poderá faltar água para os nosso irmãos e irmãs cearenses", reforçou o governador durante o Seminário dos Conselhos Comunitários de Defesa Social, no último sábado (6), no Ponta Mar Hotel.
Nesta segunda-feira, a Cagece dá início a uma das ações que visa contribuir com a redução das perdas de água, a fiscalização contra fraudes na rede de abastecimento. Com o reforço de 96 novas equipes, o órgão vai intensificar esse tipo de fiscalização, começando pelo bairro Damas, região com grande incidência de ligações cortadas ou suprimidas.
Abastecimento
Conforme a Cagece, as fraudes são responsáveis por 50% das perdas de água do órgão, além de comprometerem o abastecimento e a qualidade da água de uma região. Rompimento dos lacres dos hidrômetros, ligações clandestinas na rede de abastecimento, desvio de água do hidrômetro, violações de ligações cortadas e lançamento indevido de água e esgoto na rede de esgotamento sanitário são considerados fraudes.
Camilo aproveitou, ainda, para pedir o apoio dos cerca de 600 conselheiros voluntários presentes no encontro no reforço da consciência para a economia de água. "Às vezes, a pessoa pega a água da mangueira, água boa, e vai aguar a calçada, lavar o carro. Um banho que poderia ser de 10 minutos, a pessoa passa meia hora, cantando. Eu tô falando dessa questão da água porque vocês têm um papel multiplicador muito importante nas famílias, nos bairros, nos conselhos de vocês, e a gente precisa economizar água nesse momento", completou o governador. No dia do lançamento do plano de ações de contingência para a seca, o volume de água armazenado nas bacias hidrográficas do Estado, segundo a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), era de 11,7%, correspondentes ao mês de julho. Duas semanas depois, o total armazenado já reduziu para 11,3% - o que dá uma dimensão do alto consumo hídrico no Estado.
Apresentado em 28 de julho deste ano, o plano de convivência com a seca do Governo do Estado, voltado para a Capital e os municípios da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), inclui ações como construção, abertura de novos poços, limpeza e instalação dos já existentes, além da análise de vazão e qualidade dos equipamentos, além da revisão da tarifa de contingência para os consumidores que não economizarem água.
A implantação do sistema de reúso da água de lavagem dos filtros da Estação de Tratamento de Água (ETA) do Gavião, assim como a instalação do sistema de captação pressurizada do mesmo reservatório, também está entre as metas do plano apresentado pelo Estado.
FIQUE POR DENTRO
Audiência discute meta de economia
Nesta terça-feira, o aumento de 10% para 20% na meta de economia de água no Estado e a cobrança de uma tarifa de 120% sobre o valor da conta de água dos consumidores que não reduzirem o gasto - um dos pontos do plano de segurança dos recursos hídricos do Governo do Estado -, serão debatidos em audiência pública presencial na sede da Agência Reguladora Públicos Delegados do Estado do Ceará (Arce). A intenção da agência é publicar, no dia 15, uma resolução dispondo sobre a aprovação, ou não, da medida.