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Economia cearense começa a reagir à crise e trilha transição

23/07/2016

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Metade de 2016 já se passou e começam a aparecer sinais de reversão da crise econômica, ainda que seja, pelo menos, nas expectativas dos agentes econômicos. Na última terça-feira (19), por exemplo, o Fundo Monetário Internacional (FMI) melhorou a projeção do desempenho econômico do Brasil neste e no próximo ano, reduzindo em 0,5% a queda do PIB prevista para 2016, quando deverá fechar em -3,3%.

Também já foram vistas melhoras no Índice da Confiança do Empresário Industrial (Icei), que apresentou o quarto aumento consecutivo, em julho, ao atingir 50,5 pontos, o maior registrado nos últimos 20 meses.

Já o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), apesar de ter apresentado uma retração de 6,2% em julho ante o mês anterior, atingiu 96,1 pontos, superior ao percebido no mesmo mês do ano passado, quando alcançou 94 pontos.

Na avaliação do economista Ricardo Eleutério, o segundo semestre deste ano e o primeiro de 2017 serão um período de transição, quando os indicadores devem apresentar uma redução do ritmo de queda e estabilização para que, em seguida, possam voltar a crescer. "Tudo indica que, ao fim deste ano, tenhamos atingido o fundo do poço da recessão e que um melhor comportamento deverá ser percebido no ano que vem", aponta.

Outro indicador que demonstra o melhor desempenho da economia é a redução da inflação. Eleutério destaca que, enquanto o índice terminou o ano passado em 10,67%, a previsão é que, em 2016, a inflação fique em torno de 7% e, em 2017, em 5,3%. "Esse é um termômetro importante, porque indica uma melhora da taxa de juros e da própria bolsa de valores", explica o economista.

Incerteza

Mesmo com alguns resultados mais favoráveis, Eleutério destaca que o ambiente econômico brasileiro ainda é de muita incerteza, principalmente no que diz respeito ao mercado de trabalho. Ele aponta que, até o setor produtivo começar a apresentar uma recuperação mais consistente para, então, passar a contratar mais funcionários para aumentar a produção, o desemprego ainda deve crescer.

Outro problema diz respeito à redução da renda per capita brasileira, que caiu 9% nos últimos quatro anos, de acordo com estimativa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV).

Segunda maior queda em 116 anos, a redução faz com que a população tenha menos poder de compra, afetando o consumo e, consequentemente, o setor produtivo. A crise política também continua a influenciar - e muito - o ambiente econômico. Eleutério lembra que a definição do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, em agosto, deve carregar o cenário durante o período.

"Além disso, temos um governo de transição que pega uma situação difícil, com um problema sério de desequilíbrio fiscal, sem ter encontrado ainda uma solução para o curto prazo. Além de existirem vários agentes no governo comprometidos com desvios. É um caldo grosso que ainda permanece", analisa.

Carga tributária

Mesmo com o avanço, muito ainda se pode perder com políticas equivocadas. Na avaliação do economista, o aumento da carga tributária, por exemplo, terminaria por contrair ainda mais a atividade econômica por diminuir a renda líquida da população, assim como sua capacidade de consumir ou de investir.

"Mais impostos ainda podem gerar mais inflação, devido ao repasse dos custos para o consumidor", pontuou Eleutério.

O governo interino de Michel Temer não descarta a possibilidade de aumento de tributos para cobrir o déficit das contas públicas e cumprir a meta fiscal de 2017. Para Eleutério, em um momento de fragilidade econômica, a medida contribuiria para elevar ainda mais o desemprego e geraria um impacto ainda mais negativo sobre a economia brasileira. "Aumento de impostos têm efeito inibidor das formações de novos negócios".

Nas próximas páginas, representantes de cada segmento do setor produtivo - indústria, construção civil, comércio e agronegócio - do Ceará apresentam sua visão do que será o segundo semestre deste ano.

Sem um caminho completamente determinado, os passos para a retomada do crescimento econômico, sejam ou não certeiros, estão sendo dados neste exato momento.

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