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Frustração da safra de milho e feijão chega até 70% durante estiagem

27/06/2016

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Segundo o GCEA, a safra de milho terá uma frustração acima de 70% e a de feijão-de-corda e a de arroz de 60% (Foto: Honório Barbosa/Diário do Nordeste)
Segundo o GCEA, a safra de milho terá uma frustração acima de 70% e a de feijão-de-corda e a de arroz de 60% (Foto: Honório Barbosa/Diário do Nordeste)

Terminada a estação chuvosa e quase concluído o levantamento no campo da safra de sequeiro de grãos, no sertão cearense, uma triste e grave conclusão: 2016 é o segundo pior ano no atual ciclo de estiagem que desde 2012 se abate sobre o Estado. A frustração de safra de milho e feijão é, em média, superior a 70%. Perda elevada das culturas agrícolas e escassez de água aumentam a crise econômica no Interior do Ceará.

O Grupo de Coordenação de Estatísticas Agropecuárias (GCEA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) está concluindo o levantamento feito pelas Comissões Municipais de Estatística Agropecuária até a primeira semana do próximo mês. "Os dados são parciais, mas mostram perda média superior a 60%. Infelizmente, a tendência é o quadro piorar e a situação é bastante crítica", disse a coordenadora do grupo, Regina Dias.

Redução

Segundo o GCEA, a safra de milho terá uma frustração acima de 70% e a de feijão-de-corda e a de arroz de 60%. Além da queda da colheita, houve, neste ano, redução da área de cultivo em torno de 20%. A safra de grãos de cultivo de sequeiro (aquele que depende exclusivamente das chuvas) está comprometida, neste ano, no Estado.

Depois de cinco anos seguidos de chuvas abaixo da média e de frustração de safra, o quadro de esvaziamento no campo se agrava no Interior. O aumento do preço dos insumos básicos em um índice bem maior do que os valores dos grãos, aliado à escassez de água, está inviabilizando a pequena e média agricultura no sertão.

Neste ano, a região do Cariri, um celeiro de produção, apresenta um quadro grave. As chuvas foram insuficientes, em média de 350mm nos municípios, para assegurar a colheita de grãos de sequeiro. Os dois maiores produtores de milho e feijão-de-corda do Ceará (Mauriti e Brejo Santo), apresentam elevada perda de safra do grão, cerca de 90%.

De acordo com os dados do Escritório Regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ematerce), em Brejo Santo, a expectativa de safra e a real colheita no campo revelam grave distorção. A redução de área foi drástica. No município, havia uma previsão de cultivo de 6.648 hectares de milho, mas foi reduzida para 1.200 hectares. O potencial de produção era de 23 mil toneladas do grão, mas caiu para 1.300 toneladas.

A área cultivada de feijão-de-corda era estimada em 3.193 hectares, mas caiu para 1.224 hectares. Na região de Brejo Santo, que reúne oito municípios (Aurora, Barro, Brejo Santo, Jati, Mauriti, Milagres, Penaforte e Porteiras), esperava-se uma receita de R$ 66 milhões com a safra de grãos, mas caiu para R$ 3 milhões.

Situação crítica

"A situação é crítica e quem tinha de produzir, produziu. Não há mais o que questionar", disse o gerente regional da Ematerce, em Brejo Santo, José Dias Ferreira. "Choveu menos de 400 milímetros de forma irregular e a produção no Cariri ficou comprometida".

O município de Mauriti, que é o maior produtor de milho e feijão-de-corda do Ceará, teve uma redução elevada da área de cultivo de 26 mil hectares para apenas dois mil hectares. Em Missão Velha, no Cariri, a safra de grãos terá queda de 85% e de mandioca, 50%.

No Sertão dos Inhamuns e de Crateús o índice de frustração de safra de grãos é semelhante, em torno de 80%. "A situação é péssima com redução da área plantada e perda da colheita. A agricultura de sequeiro não é mais um bom negócio", disse o gerente da Ematerce, Raimundo Lira Galvão.

No Sertão Central, a safra de milho terá perda de 80% e a de milho, de 70%. "Além da perda dos grãos, os reservatórios estão secos", observa o gerente da Ematerce de Solonópole, Sebastião Tavares Leite. Na região Centro-Sul do Ceará, a frustração da produção de milho é de 65% e a de feijão, de 55%, mas são dados parciais. Em Ipaumirim e Lavras da Mangabeira a safra de milho caiu 85% e a de feijão, 75%. "Não choveu em fevereiro e houve ataque da lagarta", observa o gerente local da Ematerce, Marcílio Tavares.

Na região Jaguaribana, a colheita de milho e de feijão está 80% a menos do esperado. "Em algumas áreas, pode ser ainda maior", observa Sebastião Nunes, da Ematerce. Neste ano, haverá menor queda na safra em parte da região Norte e nas áreas úmidas da Ibiapaba, com queda em torno de 50% desses grãos.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iguatu, Evanilson Saraiva, disse que a situação é preocupante. "Poucos plantaram e quem tentou produzir enfrentou um prejuízo elevado", disse. O presidente da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Ceará (Fetraece), Luís Carlos Ribeiro, mostrou preocupação com a perda da reserva de água, da safra de grãos e da diminuição da área cultivada nos últimos cinco anos. "Os índices refletem uma situação crítica", frisou.

Mais informações:
Ematerce
Telefone: (85) 3101-2429
Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA)
Telefone: (85) 3101-8000

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