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Novas gravações de Sério Machado complicam mais políticos

Diário do Nordeste

27/05/2016

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Brasília. A divulgação, ontem, de novos áudios, do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, volta a complicar a situação de dois dos principais nomes da cúpula do PMDB, partido do presidente interino, Michel Temer. Trechos de gravações com o ex-presidente José Sarney e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), sugerem articulações sobre as investigações da Lava-Jato, o afastamento da presidente Dilma Rousseff e com o próprio Judiciário.

Os áudios fazem parte de uma série de conversas gravadas por Machado, investigado na Lava-Jato, com peemedebistas para negociar um acordo de delação premiada. A colaboração foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na quarta.

Os diálogos do ex-presidente da Transpetro com Sarney e Renan sugerem articulações para influenciar o ministro do STF Teori Zavascki, relator da Lava-Jato. Em um dos trechos, o ex-presidente cita o ministro aposentado do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Cesar Asfor Rocha como alguém que teria proximidade com Zavascki. "Tem total acesso ao Teori... Com o Teori é com o Cesar", afirma Sarney.

Não é o primeiro diálogo que indica tentativa de acesso a Zavascki e outros ministros da corte. O senador Romero Jucá (PMDB-RR) também falou a Machado que chegou a conversar com ministros do Supremo sobre os rumos da Operação e que Zavascki era um "cara fechado".

Em outro trecho, Sarney sugere contato com outro nome próximo a Zavascki -o do advogado Eduardo Ferrão, amigo do ministro. "O Renan me fez uma lembrança que pode substituir o Cesar. O Ferrão é muito amigo do Teori", diz Sarney. Renan acrescenta: "Tem que ser uma coisa confidencial".

A assessoria de Ferrão declarou que nunca foi procurado para tratar do assunto.

Dilma e Delcídio

Em outro diálogo com Machado, Sarney afirma que um eventual acordo da empreiteira Odebrecht poderia implicar Dilma por causa de pagamentos ao marqueteiro do PT, João Santana.

"A Odebrecht (...) Vão abrir, vão contar tudo. Vão livrar a cara do Lula. E vão pegar a Dilma. Porque quem tratou diretamente sobre o pagamento do João Santana foi ela", afirma Sarney.

Em nota, Dilma afirmou que as citações ao nome dela não têm "credibilidade". A petista disse que as tentativas de envolvê-la em "situações" das quais não participou são "escusas" e "direcionadas".

Outra conversa gravada por Machado trata da situação de Delcídio do Amaral. No momento do diálogo, o processo contra o senador cassado ainda tramitava do Senado.

Na gravação, Renan fala a Vandenberg Machado, seu ex-assessor, que Delcídio deveria fazer "uma coisa humilde" para evitar a perda do mandato. O peemedebista defende que o presidente do Conselho de Ética, o senador João Alberto Souza (PMDB-MA), simule a tramitação normal do caso.

A Sarney, Machado afirmou que a única solução para a crise política era Dilma sair do poder. Os dois também falaram sobre a possível saída do atual presidente em exercício Michel Temer.

No diálogo, eles criticam as nomeações feitas pelo governo de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). As críticas também são feitas ao juiz Sérgio Moro, responsável pela operação Lava-Jato na Justiça Federal do Paraná.

Críticas a Janot

Outra gravação de Sérgio Machado mostra Renan criticando o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o qual chama de "mau caráter", que "faz tudo o que a força-tarefa quer". Em resposta, o ex-presidente da Transpetro diz que Janot "quer sair como herói" e que os investigadores "estão se achando o dono do mundo".

Na gravações, Machado e Renan fazem críticas a políticos e citam o senador Aécio Neves (PSDB-MG); o deputado Pauderney Avelino (DEM-AM); "Mendoncinha", como é chamado o ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM-PE); o senador José Agripino (DEM-RN); o senador Fernando Bezerra (PSB-PE); e José Serra (PSDB), atual ministro das Relações Exteriores.

Chamado de "corrupto" e "cara de pau" por Machado, Pauderney disse que a declaração é fruto de "total desespero" e que vai interpelar judicialmente o ex-presidente da Transpetro.

Respostas

Em nota, Renan afirmou que as investigações são intocáveis e que "não tomou nenhuma iniciativa ou fez gestões para dificultar ou obstruir" as apurações da Operação Lava-Jato. Ele disse que "não adianta o desespero de nenhum delator".

Sarney afirmou ser amigo de Machado há muitos anos, e que os diálogos tiveram como pano de fundo a solidariedade. O ex-presidente lamentou que conversas privadas se tornem públicas. Zavascki não quis comentar.

O presidente do STF, Ricardo Lewandowski, disse que os ministros ouvem a todos que procuraram a Corte, mas isso não afeta sua imparcialidade: "Faz parte da natureza do Poder Judiciário ser aberto e democrático".

Entidades reagiram à tentativa de interferência na Lava-Jato. O presidente da Associação dos Juízes Federal (Ajufe), Antonio Cesar Bochenck, saiu em defesa de Moro e Teori. Disse que magistrados não podem sofrer pressões, e tentativas de interferência no trabalho deles devem ser investigadas. O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Claudio Lamachia, disse que "o País tem que caminhar para uma regra: todos são iguais perante a lei".

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