Agamenon Viana
04/07/2016
Nos anos vinte a música popular brasileira começa oficialmente a passar por uma transformação. Era a era do rádio despontando e pesquisas nos indicam que:
Em meio a esse processo de legitimação a atividade dos músicos populares assumiu um caráter ambíguo, pois ocupava uma posição inferior em relação à música erudita europeia, mas ao mesmo tempo era largamente difundida pela sociedade e reconhecida como uma importante expressão cultural por alguns agentes da cultura legítima. Além disso, vale destacar que “a identidade de músico oferecia uma compensação a outros signos sociais bem mais negativos, como ser ‘negro’, ser ‘pobre’, ‘não ter escolaridade’ ou ser ‘uma mulher separada do marido. É essa ambiguidade da condição do músico popular que oferece uma base para compreender a vaidade e ressentimento dos músicos testemunhada pelos escritores da época. Catullo da Paixão Cearense, autor de “Luar do Sertão” se irritava e se recusava a continuar quando não o ouviam declamar sua poesia em silêncio”.
“Ernesto Nazareth era descrito como fechado em uma “torre de marfim” por algumas pessoas que o conheceram e Chiquinha Gonzaga reclama amargamente, nas raras cartas encontradas por sua biógrafa, Edinha Diniz, sobre a “injustiça” que sofreu ao ter suas composições “boas e lindas” preteridas por “tudo que há de indecente, porco e nojento” dos novos compositores”.
Com isso se vê que os produtores da época já estavam começando a impor o seu interesse em ganhar mais com as medíocres composições que caíssem no gosto popular e fossem mais comerciais.
A partir de 1902 já se gravava na casa Edison no Rio de Janeiro: canções, dobrados, valsas, polcas, lundus. Os sucessos populares dos primeiros vinte anos do século XX não eram só de músicas brasileiras. Havia valsas, tangos brasileiros, dobrados, jongo, e até ritmos importados. Os maiores sucesso dessa época eram as canções: “Ô abre alas” da Chiquinha Gonzaga, o dobrado “American Patrol”, “Ontem ao Luar”, “A Conquista do Ar”, “Stars and stripes forever”, “Caboca de Caxangá”, “O Forrobodó”, “O meu Boi Morreu”, “Flor do mal”, “Já te Digo”, “Apanhei-te Cavaquinho”, “Atraente”, “Canção do Marinheiro”, “Pelo telefone”, “why Dont You do Right?” cantada pela cantora Peggy Lee, “Samba de nego”, “Urubu e Tristezas do jeca”.
Em 1923 começam as transmissões da rádio Sociedade por Roquette Pinto, mas foi a rádio Mayrink Veiga a mais importante do Rio de Janeiro nos anos 30 e 40.
A partir da década de 1930 é completamente novo o panorama na divulgação da nossa música, sendo o rádio seu maior veículo.
Continua na próxima edição.