Carlos Eugênio
09/05/2016
O sentimento que move a sociedade brasileira, nesse enredo obscuro de indefinições, é encontrar a melhor saída para tirar o país da breca. Nesse instante de incertezas, trago à tona uma ideologia dos primórdios do catolicismo: o principio do mal menor. Não resta dúvida que a gente sempre deve escolher o bem. Entretanto, na ausência dele, deve-se optar pelo mal menor.
Em linhas gerais, o “principio do mal menor” aplica-se quando é preciso tomar uma decisão, mas quaisquer das opções escolhidas são más, deve-se decidir por aquela que, cuja escolha constitui um mal menor. Ao se tratar de politica, dificilmente tem-se a oportunidade de escolher entre o bem e o mal. O sistema político brasileiro não oferece essa façanha. Afinal, o eleitor sempre está sendo posto em cheque, na perspectiva de escolher o “menos ruim”.
O Brasil vivencia esse dilema. Uma parcela considerável da sociedade brasileira tem dúvida sobre qual seria melhor para o país: entregar o comando dessa nação ao Temer, ou barrar no Senado o impeachment da presidente Dilma? Os aliados da presidente jogam essa incerteza no ar. Lançar dúvidas na opinião pública, para tirar proveito de uma situação é, antes de tudo, uma atitude sórdida, mas muito usada no meio político.
Mas esse jogo politico já fez história. Quem não se lembra das acusações que a presidente fazia aos seus adversários e, logo após a eleição, praticou todas as medidas contrárias ao seu discurso, consolidando assim, o maior estelionato eleitoral já visto? Essa gente não tem nenhuma ética, principalmente quando se trata perdurar no poder.
Vamos deter-se, antão, aos fatos. Michel Temer ou Dilma Rousseff? Além de crimes de responsabilidade fiscal, o governo Dilma, envolveu-se no maior esquema de corrupção de um país democrático. O vice-presidente Michel Temer, também é citado na delação de Delcidio do Amaral, acusado de ter indicado, em 1997, João Henriques, para o cargo de diretor da BR Distribuidora, com fortes indícios de ter ocorrido irregularidades na compra de etanol. Todas essas questões precisam ser pesadas sem as paixões politicas que segam a consciência crítica.
Outra indagação de igual valia, emerge. Até quando o país aguentará essa sangria dos cofres públicos, liderada pela esquerda corrupta? Portanto, a sociedade está diante de um dilema. No entanto, só existem dois caminhos, constitucional, a ser tomado: Dilma continuar no mandato, com a recusa do impeachment pelo Senado, ou a ratificação do processo de impedimento, e a posse de Michel Temer.
A proposta de uma nova eleição, sugerida por alguns hipócritas, é completamente inconstitucional. E nesse momento, a Carta Magna deve prevalecer. O Artigo 60, parágrafo 4° e inciso 2, não deixa dúvida: “Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: o voto direto, secreto, universal e periódico”. Uma nova eleição só seria possível no caso de renúncia da presidente e do vice.
Portanto, prezado leitor, nesse processo, não tem como ficar do lado do mocinho. Não há inocente nessa selva. Recorro, aqui, ao principio do mal menor. E diante da constatação de que a presidente Dilma perdeu a governabilidade, Temer é o mal menor. Segundo Aristóteles, o mal menor é consequência de uma decisão justa. A justiça, nesse caso, é seguir o que rege a Constituição. Que prevaleça a lei. No caso de confirmação do impedimento da presidente Dilma, Michel Temer deverá governar o Brasil. E que o rigor das leis também bata a sua porta.