COLUNISTAS / CARLOS EUGÊNIO

Sem lenço e sem documento

Carlos Eugênio

05/06/2015

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Os valores foram se perdendo ao longo do tempo. A família, instituição centrada em preceitos morais e éticos, perdeu-se em meio às parafernálias da modernidade. E o que nos restou? Uma sociedade que a beira do caos. Para Max Weber (1854-1920) – importante sociólogo, jurista, historiador e economista alemão – a sociedade pode ser compreendida a partir do conjunto das ações individuais. Estas são todo tipo de ação que o individuo faz, orientando-se pela ação de outros, afirma Max.

Então, os desajustes que afligem a sociedade brasileira, atualmente, são reflexos da má formação dos indivíduos que compõem as famílias, quando, na verdade, deveriam dar bons exemplos? Sem nenhuma dúvida! E que não me venham os cretinos pousando de intelectuais, culparem a escola. Criou-se no Brasil uma concepção errônea das instituições de ensino. Atribuíram-se funções que fogem a sua responsabilidade. É comum ouvir especialistas falando em educação, no Brasil, mas são poucos aqueles que têm coragem de enfrentar uma sala de aula com essa juventude sem lenço e sem documento, como diz a canção de Caetano Veloso.

Professor não é um super-herói que veio ao mundo para salvar a pátria. Menos! Lecionar é uma função árdua, que precisa ser praticada com tamanha dedicação, mas isso não deve ser confundido com sacerdócio. Professor não é sacerdote. O magistério não é, e nunca será uma missão religiosa. Somente os hipócritas fazem essa afirmativa no intuito de enfraquecer a classe. E o pior é que muitos colegas professores caem nessa armadilha. Essa ideologia propagada por alguns imbecis tem um só intuito: fazer com que o professor aceite de bom grato a sua baixa remuneração, frente a outras profissões com o mesmo tempo de estudo.  

Lecionar é um trabalho como muitos outros, que requer qualificação e valorização salarial, para que se possa fazer um trabalho significativo. Com sua importância na formação humana? Evidente! Nada mais, além disso. Chega de romantismo barato de que o professor deve ensinar por amor. Hipocrisia! Como em qualquer profissão, quem entra no magistério, é por que precisa trabalhar para sobreviver, isso não significa que não se almeje também, realização profissional, por mais paradoxo que pareça.

Bem! O ponto chave dessa discussão é que, infelizmente, a escola virou depósito da sociedade desajustada. Tornou-se rotina os professores se depararem com estudantes drogados dentro da sala de aula. O tráfico de drogas ilícitas invadiu as escolas brasileiras como erva daninha. O pior de tudo é que, professores e gestores escolares não estão preparados para lidar com o problema. Os cursos de licenciaturas, até mesmo nas melhores universidades, não oferecem disciplinas que auxiliem os docentes a lidar com essa questão. E nem devem oferecer mesmo. Isso é caso de polícia.

Essa questão compete à segurança pública. Por mais boa vontade que o professor venha a ter, ele não dispõe de meios para agir e, acaba tornando-se refém da situação. O problema indisciplinar nas escolas brasileiras tomou rumos drásticos. Essas instituições estão sendo frequentadas por muitas crianças e adolescentes que, não têm o intuito de adquirir conhecimento, são movidas pelo nítido propósito de consumir drogas dentro da escola. Esses centros tornaram-se um refugio segura para essa delinquência.
    
Outro mito medíocre e inaceitável no Brasil é que, o professor deve fazer o papel de pai, mãe, médico, psicólogo, pai de santo, exorcista... e recentemente, policial. Isso seria possível? Não! É por tudo isso que a sociedade brasileira se encontra em decadência. Por não se levar a sério a educação formal. A função da escola é passar instruções, enquanto a família tem o papel de educar. Em países civilizados funciona assim. No Brasil, a responsabilidade recai sobre a escola e deixa o professor sobrecarregado. É por isso que a escola brasileira virou o depósito de uma sociedade desajustada.

Carlos Eugênio

Nasceu em Russas - CE. Graduado em Português Licenciatura Plena pela Universidade Vale do Acaraú; (UVA), Especialista em Ensino da Matemática e Física pela Faculdade Vale do Salgado (FVS). Professor, colunista do Jornal Correio de Russas e da TV Russas.

Carlos Eugênio

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