COLUNISTAS / CARLOS EUGÊNIO

A volta da lamparina

Carlos Eugênio

20/03/2015

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A eletricidade virou artigo de luxo no Brasil. À classe assalariada já não aguenta mais custear os reajustes excessivos na conta de luz. É um absurdo o que estão fazendo com os brasileiros. A população está pagando uma conta que não é dela. Mas não é algo surpreendente. Quem sempre paga o débito da incompetência dos governantes e a farra dos corruptos e corruptores nesse país? O povo mais pobre. E não poderia ser diferente! É por isso que as autoridades não se empenham em oferecer uma educação de qualidade para todos. Um povo inculto atende muito bem aos interesses dos aristocratas detentores do poder, que sempre foram sustentados à custa do suor do trabalhador.

As palavras usadas para justificar os aumentos abusivos são bem convincentes. Os técnicos que se manifestam em nome do governo, sempre com um discurso muito bem preparado, convencem facilmente a população sobre a necessidade de fazer economia, e usar a energia elétrica com responsabilidade. E isso realmente é necessário. Mas há um fato intrigante nessa questão: mesmo quanto uma família se propõe a economizar, mais cara vem à fatura. Onde está o erro? O que está acontecendo, afinal? A conta de luz que está sendo cobrada, já não cabe mais no bolso do assalariado.

Os impactos da revisão tarifária estão comprometendo o orçamento do trabalhador, e contribuindo para levar a inflação a níveis que não se via há décadas. Esse caos no setor energético é consequência da falta de planejamento da União. Faltaram investimentos em fontes de energia alternativa. A corrupção é outro fator preponderante para essa crise no setor energético. Investiram mal, superfaturaram obras, jogaram o dinheiro público no ralo e a conta veio para quem não tinha nada haver com essa irresponsabilidade.

A presidente Dilma Rousseff decidiu excluir 5 milhões de famílias da Tarifa Social de energia. Mais um golpe da Dilma contra os mais pobres. O governo resolveu fazer um verdadeiro pente fino no cadastro do programa Tarifa Social até o final de 2015. O corte representará uma redução em torno de R$ 600 milhões neste ano, no custo do programa que é repassado às tarifas de todos os consumidores. O Palácio do Planalto está fazendo de tudo para conter a sangria de uma política de governo equivocada, que leva o país ao caos, principalmente pelos sórdidos atos de corrupção.

Carlos Drummond de Andrade retrata muito bem a situação do brasileiro, no poema José: E agora, José?/ A festa acabou,/ a luz apagou,/ o povo sumiu,/ a noite esfriou,/ e agora, José?/ e agora, você?/ você que é sem nome,/ que zomba dos outros,/ você que faz versos,/ que ama, protesta?/ e agora, José?// Está sem mulher,/ está sem discurso,/ está sem carinho,/ já não pode beber,/ já não pode fumar,/ cuspir já não pode,/ a noite esfriou,/ o dia não veio,/ o bonde não veio,/ o riso não veio,/ não veio à utopia/ e tudo acabou/ e tudo fugiu/ e tudo mofou,/ e agora, José?// [...]. Esse poema, escrito em 1942, quando o Brasil vivia sob a ditadura de Getulio Vargas, continua vivo em nossa história, simbolizando a realidade dos brasileiros, embora o atual regime seja outro.
    
A presidente Dilma precisa parar de jogar palavras ao vento, no intuito de ludibriar a nação, e trabalhar em beneficio do povo, se é que um governo mergulhado em lamas fétidas pode praticar essa nobre ação. A conta de luz está comprometendo o orçamento dos assalariados. Isso é inaceitável. Chega de atribuir ao mais pobre, um débito que não lhe compete pagar. A energia elétrica é um direito de todos, mas para atender essa prerrogativa, estão explorando os consumidores. O trabalhador está tendo que escolher entre pagar a conta de luz, ou comprar o alimento. A continuar assim, o governo Dilma que tanto falou em avanços tecnológicos, será marcado pela volta da lamparina aos lares brasileiros. Um retrocesso que afeta a dignidade humana.  


Carlos Eugênio

Nasceu em Russas - CE. Graduado em Português Licenciatura Plena pela Universidade Vale do Acaraú; (UVA), Especialista em Ensino da Matemática e Física pela Faculdade Vale do Salgado (FVS). Professor, colunista do Jornal Correio de Russas e da TV Russas.

Carlos Eugênio

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