COLUNISTAS / CARLOS EUGÊNIO

O recado das urnas

Carlos Eugênio

20/11/2014

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O eleitor brasileiro ficou entre a cruz e a espada. Permanecer com um governo mergulhado num asqueroso esquema de corrupção que envergonha o país e enfraquece a democracia, ou retornar ao passado e, mais uma vez, entregar o poder nas mãos de uma elite medíocre, hipócrita e demagógica? A expressão popular “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come” nunca foi tão verdadeira, ao se tratar do contexto político do último pleito.
     Salvem-se quem puder. Outro provérbio popular que representou o segundo turno da eleição para Presidente da República. A oscilação demonstrativa de posicionamento dos dois candidatos nas pesquisas eleitorais de intenção de votos demonstrou a incerteza de um povo que não acredita mais nos seus representantes. O descrédito dos políticos leva o eleito à incerteza no momento de suas escolhas. É como catar agulha no palheiro.     
     O que fazer então? O eleitor optou pela permanência da presidente Dilma Rousseff (PT). Um cheque em branco permitindo a continuidade do esquema de corrupção que se instalou no país com o mensalão petista e os desvios na Petrobras? Evidentemente que não! As políticas sociais de combate a miséria, os programas educacionais que levaram os menos favorecidos a entrar nas universidades, entre outras ações, fizeram a diferença no momento crucial do voto.
     Entretanto, não podemos comungar com uma das “tradições” da política brasileira do “rouba, mas faz”. O recado das urnas não passa essa mensagem. A diferença de votos no resultado final demonstrou um país dividido. Essa divisão não está no conceito que rotula ricos e pobres, nordestinos e sulistas, letrados a analfabetos. Enganam-se os hipócritas que pregam essa filosofia. O país está dividido porque seu povo não sabe mais em quem acreditar. Não tem certeza se deve apostar numa terceira via, retornar ao passado onde os crimes de corrupção eram mascarados pelos mandatários, ou continuar com esse governo marcado por vergonhosos escândalos de corrupção. Essa divisão independe de classe social e culturas regionais.
     No jogo político de lançar lama fétida um no outro, para mostrar qual candidato sairia menos enlameado perante o eleitor, o povo brasileiro apostou na permanência de Dilma Rousseff. Que a presidente saiba entender o recado das urnas. O ciclo de poder do partido dos trabalhadores pode chegar ao fim nesse mandato que chega. O resultado final dessa eleição ratifica essa concepção. A oposição, embora tenha sido derrotada nas urnas, saiu fortalecida no contexto geral. Por isso que a presidente, em seu primeiro pronunciamento a nação, pregou o diálogo com todas as alas políticas. Entretanto, essa prática não pode ficar apenas na teoria. Reconhecer as falhas já é um bom começo.
     Os inconformados com o resultado das urnas precisam aprender a conviver com as diferenças. Atrocidades divulgadas nas redes sociais, depoimentos de pessoas medíocres inferiorizando o Nordeste pelo resultado eleitoral, não passam de atitudes repugnantes. O recado das urnas está claro para todos os brasileiros. E há de ser entendido até mesmo pela elite farsante, acompanhada por outros seguidores vulgares.
     Espera-se que o PT também tenha compreendido a mensagem. Essa sigla partidária, que tanto já representou o trabalhador brasileiro fazendo parte da história política das mais árduas lutas sociais, precisa retornar as suas raízes e rever suas ações. Não matem os sonhos de muitos brasileiros que depositaram sua confiança em um novo mandato. Com esse feito simplório, já estará deixando um legado histórico ao brasileiro. Um povo sem esperança é uma gente sem perspectiva e uma nação desgovernada. 


Carlos Eugênio

Nasceu em Russas - CE. Graduado em Português Licenciatura Plena pela Universidade Vale do Acaraú; (UVA), Especialista em Ensino da Matemática e Física pela Faculdade Vale do Salgado (FVS). Professor, colunista do Jornal Correio de Russas e da TV Russas.

Carlos Eugênio

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